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Aquele que será um dos principais gurus do rock progressivo moderno, nem que se auto-proclame ele, não se dá bem parado e está sempre a experimentar coisas. A submissão à electrónica teve recepções mistas: “The Future Bites” decepcionou e “The Harmony Codex” encantou. Para os seguir, nova viragem brusca e vai para o espaço. Não para fazer um disco à Hawkwind – mas o rótulo “space rock” é aqui estampado, de facto – mas para voltar às origens progressivas.
Está bem munido de tudo o que seja Pink Floyd, Yes, Genesis e mais outros titãs dessa categoria, em “The Overview,” disco sobre o “overview effect,” o efeito perspectiva, a mudança cognitiva de consciência registada em astronautas quando veem a Terra, de “cima,” a partir do espaço. Um disco no qual Steve se coloca nessa perspectiva. Ainda não vê a Terra plana, vá, ainda não é assim tão tolo. Mas aborda toda a pequenez do nosso quotidiano. Com uma obra que, através de apenas dois longos temas, procura tudo menos pequenez. Mais tradicionalista no seu prog. Mas não tão imprevisível quanto isso, reconhecendo-se as referências já aqui citadas – e o solo que fecha a “Object Outlive Us” deve ser a coisa mais Pink Floyd que já fez, o que ainda é dizer bastante – e até dele próprio. Aquelas coisas que vêm com um legado e estatuto conquistados, que o povo pode começar a chamar-lhes tiques.
Não se confunde com os trabalhos nos Porcupine Tree, não vai ao limite do plágio dos tais actos reconhecíveis – aquela melodia repetitiva na secção “The Cicerones/Ark” de “Objects Outlive Us” podia ser feita pelos Yes, é verdade – e também não repete alguma das várias fórmulas que já experimentou em nome próprio. É grandioso, ainda mistura mais estilos, como ao trazer jazz e ambiente para fechar a faixa-título, que até tem uma introduçao electrónica, e não só. Até nos dá uma versão digital com os temas divididos em várias faixas, para que não nos falte nada. Mesmo que possa faltar o entusiasmo de alguns dos seus ouvintes que exigem aventuras mais extravagantes, após anos a associar-lhe isso mesmo, e que encontram em “The Overview” um disco que até pode crescer e solidificar-se com mais audições, ou revelar logo os truques todos de uma vez e, com o tempo, emagrecer. Sente-se a tremenda ambição do disco, mas também se sente que Wilson a tratou com conforto. De estranhar que, com um bom disco de prog à moda antiga, se sinta que Steven Wilson tenha feito um disco com tanto espaço – e sobre o espaço! Para respirar ou onde cabia mais.
Objects Outlive Us, The Overview
Porcupine Tree, Pink Floyd, Yes