Há discos em que se nota aquele crescimento e amadurecimento e outros casos em que é uma evolução gradual detectável de registo para registo. Os Suspeitos do Costume, nome tão bem acolhido no punk português, lá achou que este era realmente o “momento” certo para dar um passo significativo e aí está ele. “Momento,” assim mesmo.

Continuam a praticar punk de agradar a fãs da velha-guarda, skaters e à malta do pop punk, mas com uma atenção mais cuidada à escrita das canções. Tanto a nível musical como nas letras, procurando alguma seriedade extra, uma postura mais adulta e menos tongue-in-cheek. Ainda um punk muito melódico, – até podemos dizer que seja mais melódico ainda que os seus antecessores, talvez, se não for sacrilégio – daquela escola Tara Perdida mas contendo um pouco aquela boa-disposição solarenga que leva bastante humor e ironia à sua crítica, deixando-a muito bem entregue a outros como os Viralata. Uma procura por uma postura mais adulta, de quem está “disposto a ser melhor,” como tanto dizem em “Consciência.”

Letras mais sérias, quer na crítica de “Jogo Sujo” como na reflexão introspectiva da faixa-título. Refrães bem mais cheios, ainda com o diploma da escola João Ribas bem exposto. A mesma acessibilidade imediata e inteligente que faça de “Momento” um disco breve, desfrutável e com um acolhimento que não corte na intensidade, quer em guitarras que subtilmente gritam ou apresentam um trabalho como o da introdução de “Rever os Planos,” como na entrega vocal sentida de Rui Matos. Habituados desde o início a “remar contra a maré,” souberam como fazer deste “Momento” algo simples, recomendável com referências, mas com a força de quem ainda tem mais por onde crescer. “Fica nas tuas mãos o que tu vais fazer,” dizem eles. E nós dizemos-lhe o mesmo com confiança.