Tara Perdida

Vida Punk
2023 | Edição de autor, Sony Music | Punk rock

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Vida Punk” é o que bem resume o percurso dos Tara Perdida. Já sinónimos do punk português, assim como a sua emblemática voz, João Ribas, que ainda deixa tantas saudades. Tudo o que continuará a ser feito será em tributo ao carismático líder influente. Acaba por ser como funciona “Vida Punk,” destes novos velhos Tara Perdida, a tocar uma selecção de novos velhos temas. É um tributo, é um passo em frente, é uma forma de admitir que Ribas é insubstituível, também é forma de nos dizer que é possível continuar. Quem melhor para nos dizer que dá para jogar de novo e arriscar?

Uma crua compilação de regravações de muitos temas emblemáticos da banda como “Nasci Hoje,” “Desalinhado,” “Zombies,” “Lisboa,” “Realidade” entre muitos outros hinos. Agora na voz de Ruka. O auxiliar da adaptação a uma nova voz a cantar temas que já muitos de nós cantámos antes mas acompanhados por outra voz mítica. Uma “Metamorfose” já tinha sido feita em acústico, aqui a Tara Perdida já está mesmo igual a si mesma e não se mexe nas canções. Mas acrescenta-se, com “Bairro de Alvalade,” homenagem à sua génese, onde se diz “E nasce um novo dia, Foi aqui que começou, Tantas vezes eu dizia, Hoje eu sei para onde vou.” Resume bem a filosofia dos Tara Perdida e até a intenção de “Vida Punk,” a de uma nostalgia a olhar em frente.

Claro que há muitos elefantes na sala que não dá para ignorar. Pode dizer-se que a banda nunca será a mesma sem Ribas, que também não arriscam em fazer muita coisa nova, que isto deambula ali entre a compilação e até o disco de covers. São dúvidas válidas e acabam por ser o que faz “Vida Punk” ter mais valor, porque vem esclarecê-las. Há uma total noção disso. Mas tudo é feito, especialmente a excelente “Bairro de Alvalade,” de modo a que consigamos ver o sorriso de Ribas ao ouvir e ver a banda a seguir em frente com tanto respeito e ainda a divertir-se, como sempre foi imperativo. O mesmo em relação aos clássicos, muito bem executados de forma fiel e a apagar a estapafúrdia ideia de que a banda tenha ficado menos competente. “Vida Punk” é a submissão para o selo de aprovação, para que lhe “permitamos” – mas quem somos nós? – um novo disco de originais. Ribas deixa saudades mas aqui até citamos um outro marcante músico português, mesmo que não numa vertente punk, Manel Cruz: por vezes, “a saudade é fixe.”

Músicas em destaque:

Bairro de Alvalade, Desalinhado, Lisboa

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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