Lá cedemos. Um álbum de Natal chega aqui às nossas páginas. Nada contra a quadra, muito pelo contrário, e tudo o que adorna a época não deixa de ser agradável. Mas se calhar se sondarmos sobre uma das coisas mais dispensáveis da época é muita da música que, mesmo passando apenas numa certa altura do ano, parece que farta mais que as restantes. Mas lá nos voltámos para uns arranjos diferentes. Tarja e o seu “Dark Christmas.” Promete ser algo diferente.

Não é o primeiro disco de Natal de Tarja. Também não é, claro, a sua primeira experiência com a música mais clássica sem complementos metálicos. E a este andar, é capaz de não ser o último de uma coisa ou outra. É tudo muito simples em “Dark Christmas.” Com a faixa-título como a única canção original de Tarja, o disco compila os clássicos pop da quadra, com “All I Want for Christmas Is You,” “Wonderful Christmastime,” “Last Christmas” e até “Jingle Bell Rock” aqui a destacar-se, e mistura-os com outras cantigas mais tradicionais como “Frosty the Snowman,” “O Holy Night” ou “Rudolph the Red-Nosed Reindeer.” A fórmula é sempre a mesma: as canções estão mais lentas, lúgubres, com um ambiente meio darkwave neoclássico, um ocasional coro infantil e a voz operática inconfundível de Tarja. Nem sempre dá para levar a coisa muito a sério e ouvir mesmo a “Jingle Bells” a ter este tratamento pode puxar uma risada ou outra. E acabámos por ficar inspirados e curiosos por imaginar e especular se não dá para umas aulinhas da língua, uma pauta da canção e ouvirmos a “A Todos um Bom Natal” a ter este tratamento gótico. Seria qualquer coisa.

Apesar disso, tem o seu quê de interessante, nem que seja pela curiosidade e pela vibe de banda sonora de algum filme natalício muito dark, capaz de fazer o Tim Burton parar no seu zapping para, pelo menos, uma espreitadela momentânea. E com pouco a justificar-se, não há dúvidas sobre o que é o principal destaque aqui. Sem qualquer surpresa, é o grande desempenho vocal da fantástica e inimitável vocalista que é Tarja Turunen. É mesmo caso para dizer que pode cantar qualquer coisa. Até mesmo isto, que claro que lhe perdoamos, que acaba por não se justificar além da época ou de ser uma mera gimmick com alguma graça em alguns momentos.