Tempos estranhos e precisamos de distracções. A combinar com as nossas inevitáveis mood swings neste dia-a-dia de desenrascanço, procura-se talvez uma fusão ou harmonia entre a luz e a escuridão. Por acaso é esse o ADN dos Canadianos The Birthday Massacre e eles vêm animar-nos os pacatos dias com um presente chamado “Diamonds.”

Um presente acolhedor porque também nos dá familiaridade, não mexendo na fórmula habitual da banda de Toronto. As melodias de “Under Your Spell” ainda dançam na nossa cabeça, quando já são apresentadas ao novo conjunto presente em “Diamonds,” que podiam fazer parte de qualquer um dos antecessores. Um rock distorcido com um subtil peso industrial, com batidas vindas directamente da new wave da década de 80 a sobrepor-se, com um resultado dançável que há anos os colocou numa posição privilegiada na primeira liga do gótico. A partir desse gótico, deixa-se consumir pela escuridão para pintar as canções e os nossos ouvidos com tons de preto e púrpura, como as suas tradicionais capas, enquanto a dócil e inocente voz de Chibi nos seduz e entranha-se. Tudo o que já conhecemos. O apurado sentido melódico continua em forma e temos “Enter,” “The Sky Will Turn,” “The Last Goodbye” ou “Mirrors” para o reconhecimento imediato da banda, fechando com a baladeira “Parallel World,” que lembra mesmo “Movies” que fechara “Walking with Strangers” há treze anos atrás.

Fica talvez a faltar alguma da edge mais pesada que lhes acrescentava cólera aos dançáveis tons góticos, com a falta de uma faixa mais dura e crua como “In the Dark,” “Red Stars” ou a clássica “Blue” do seu passado. O resto está lá para um bom conjunto de canções que, mesmo que se funda facilmente com antecessores e não consiga impor muita relevância na discografia geral, será tão bom disco para descobrir os The Birthday Massacre como qualquer outro.