The Body

The Crying Out of Things
2024 | Thrill Jockey Records | Metal industrial, Drone metal, Power electronics, Avant-garde, Noise

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Um nome tão regular nisto do ruído, que parece que os vemos aqui a cada mês. E ainda não nos fartámos, estes confundem a qualidade com a quantidade, mas mesmo por difícil distinção. E parecem ser muito boa gente, que o que os faz apareceram mais vezes ainda são as colaborações com outros artistas pouco convencionais. É o que nos desorienta: na verdade “The Crying Out of Things” é o primeiro álbum só de The Body em três anos.

Já ouvimos a sua ruideira fundida com muita coisa. Já nem sabemos bem o que esperar da ideia de agora ficar “só” The Body, como se existisse agora uma versão mais despida da dupla, sem adereços. Como se a sua música alguma vez fosse convencional ou de fácil classificação. “Last Things” entra com uma introdução ruidosa mas mais minimalista. Sugere uma abordagem mais ambiental. Dura um minuto e meio até chegar a chinfrineira e Chip King já nos estar a guinchar ao ouvido. Uma ideia doentia de ritmo entra na batida de “Removal” antes da desagradável e depressiva “Careless and Worn” acompanhar o riff com uma leve melodia que também podia ser um alarme do Apocalipse. Já chegamos a outra dimensão quando entra “A Premonition,” repetitiva e violenta, e nela já ouvimos mesmo a corneta dos fins e aquilo que parece alguma alma presa algures, a suplicar para sair. Já estamos tão afectados com o que se passou que até já achamos a “Less Meaning” dançável.

Isso é só a primeira metade. E mesmo soando diferente a outros antigos trabalhos dos The Body, outrora mais metalizados e agora mais electrónicos, continua a ser inconfundível. Os berros de Chip King ainda nos afectam. E Lee Buford também quis fazer mais barulho que o costume na bateria. Só não nos atrevemos a dizer que é o álbum mais perturbador dos The Body, porque têm todo um corpo de trabalho saído de algum canto do Inferno, cheio de criaturas carbonizadas não identificáveis. Já menos sludge, mas mais drone, assentam-se na vertente power electronics do noise, para uma vanguardista obra industrial que encontra melancolia no meio do caos – especialmente na catarse de “All Worries.” Há pesadelos com boas bandas sonoras!

Músicas em destaque:

A Premonition, Less Meaning, All Worries

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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