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Dá para ser um ano de regressos improváveis. Especialmente aqui nos campos progressivos de fãs intelectuais chatos. Ainda roda uma novidade surpreendente dos Porcupine Tree por muito leitor quando começamos a processar a ideia de que os The Mars Volta também já querem fazer novamente parte do nosso quotidiano, com mais um disco cheio de excentricidades e experimentalismos. Até sai auto-intitulado, como a representar tudo aquilo que conhecemos deles.
Tudo errado. A parte de ser um grande e surpreendente regresso é a única que está certa. De resto, trocaram-nos as voltas completamente. Uma década depois de “Noctourniquet,” último álbum que contávamos da sua discografia, os Mars Volta regressam e apresentam-se como uma banda totalmente diferente, quase nova – mesmo que volte muito às suas origens em termos de alinhamento, dando as boas-vindas de volta à baixista Eva Gardner – e com uma armadura de ferro já vestida para se defender dos fãs alienados. Que ainda se reconheça aqui alguns dos seus tiques para os reconhecermos, longe vão os experimentalismos progressivos: os Mars Volta quiseram ser agora uma banda pop. Por aí se deixam deambular, sem algum épico longo, com canções directas e, fora os cortes lentos e melancólicos, muito dançáveis.
Os principais núcleos deste disco são mesmo a electrónica acompanhante, bem típica de um indie das últimas décadas, e a toada latina que esteve sempre presente, mas aqui deixa-se mesmo chegar à frente. Pode soar a um pesadelo para muitos, que esperariam mais uma obra de prog rock moderno como “Frances the Mute” ou a hiperactividade envolta em peso e melodia de “De-Loused in the Comatorium” mas não é com esse cinismo que avaliamos um novo trabalho. Porque há boas canções, um sentido melódico bastante apurado, muita canção de se colar ao ouvido – e fazer gingar uma anca ou outra, é verdade, por muito que custe – e aquela voz aguda tão acquired taste de Bixler-Zavala, a originar um resultado final muito arriscado e ambicioso, esse sim léxico que sempre associámos aos The Mars Volta. Mas pode mesmo apontar-se uma falta de foco, desconexão entre as faixas, um início entusiasmante com a muito pegajosa “Blacklight Shine” a deixar perder-se entre canções mais baladeiras e insípidas, a falta de memória de muitas músicas e uma rendição a factores alheios que façam parecer mais um álbum a solo do muito profícuo guitarrista Omar Rodríguez-López com Bixler-Zavala na voz do que um grande regresso dos The Mars Volta. E se muitos fãs já eram chatos antes…
Blacklight Shine, Graveyard Love, Equus 3
Coheed and Cambria, Dredg, mas já não At the Drive-In