The Offspring

Supercharged
2024 | Concord Records | Punk rock, Pop punk

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The kids aren’t alright, agora só falta saber se os gajos de meia-idade estão. Passou rápido o tempo entre discos e há uma divisão no que toca às digestões dos fãs ao “Let the Bad Times Roll” de 2021, que deixa uma expectativa ambígua para o novo “Supercharged.” Pode beneficiar da nostalgia que tanto se vive hoje. Mas também se pode tornar prisioneiro disso mesmo.

Enquanto vai tentando contornar alguns factores como a voz envelhecida de Dexter Holland, mudanças de alinhamento e as tais idades que vão avançando e requerendo algo mais do que humor juvenil, também procura tornar as coisas simples. Não ter vergonha de olhar para trás e reproduzir o que já fizeram. Desde o pop punk divertido – e há aqui muita coisa que poderia soar mais a algo de discípulos seus, como os blink-182 – ao skate punk mais acelerado e com mais atitude, como o de “Truth in Fiction”. É para ser enérgico e catchy. Até aí, tudo bem. Os tais homens de meia-idade, os agora pais dos putos skaters entram mais perto do fim, quando a parte melódica realmente se aproxima do hard rock antigo. E até vão buscar, mais à descarada, samples de Queen e Kansas para “Get Some,” mas nem é só isso, “You Can’t Get There from Here” procura estádios.

Os níveis de tolerância ao açucar de alguns destes refrães e ao humor de algumas faixas – como o reconhecimento da hilariante omnipresença internauta em “Come to Brazil” – variará de fã para fã. E o disco, breve que seja, fica sempre naquela corda bamba, deixa-nos um pouco incapazes de o colocar de imediato no devido lote, se o dos discos bons ou fracos – eles têm os dois, sim. Sem qualquer dúvida de que existem muitas faixas contagiantes, mas num instante percebemos que não são só por soarem à antiga, quase conseguimos mesmo apontar qual o clássico que parece ter sido estudado e remodelado para fazer uma música nova. E se calhar até é o remédio certo. A roupagem de “disco mais directo e mais punk dos Offspring em muito tempo” não lhes fica mal. É um mixed bag. Melhor que o anterior, sem chegar à cintura dos clássicos, consciente das suas limitações e que ainda diverte se lhe permitirmos. Muito se vive da nostalgia agora. E, em alguns casos, se calhar é como se vive melhor.

Músicas em destaque:

Make It All Right, Truth in Fiction, Can’t Get There from Here

És capaz de gostar também de:

Green Day, blink-182, Bad Religion


sobre o autor

Christopher Monteiro

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