The Raconteurs

Help Us Stranger
2019 | Third Man Records | Rock alternativo, Blues rock

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Alguém se deve lembrar de uma determinada altura em que Jack White anunciou uma pausa. Para descansar, que fosse. Talvez para os seus parâmetros mais “workaholic” até tenha sido uma pausa grande, porque não tardou a andar por aí com novo disco a solo e agora até resgatou os saudosos Raconteurs para nos brindar com um “Help Us Stranger”, que reforça mesmo a ideia que abrandar não está nos seus planos.

E já lá vão onze anos, sim. Por muito presentes que os Raconteurs se sintam sempre no panorama da fusão do rock clássico e moderno dos últimos tempos, ainda não tinha existido presença do colectivo nesta década. E felizmente, não sendo uma banda preocupada com rótulos, ter-lhes-á custado pouco ou nada pegar precisamente do ponto onde ficaram para prosseguir e regressar num panorama tão alterado quanto possível em dez anos. São os Raconteurs a tocar com e por paixão, a fundir o garage rock clássico com o moderno, a encontrar de beber em tudo o que seja fonte rock, folk, country, blues, power pop e a recordar que a origem do seu sucesso não é a inovação, não é a tentativa intencional de impressionar, mas sim a descontracção e genuinidade com que o fazem, aliado ao simples facto de Jack White e Brendan Benson serem estupendos songwriters.

As marcas individuais de ambos sentem-se. Tomando exemplos, “Don’t Bother Me” pode parecer uma prima mais nova da “Over and Over and Over” do mais recente disco de White e “What’s Yours Is Mine” é outra canção inegavelmente Jack White que até nos traz qualquer coisa do seu “Lazaretto,” enquanto Benson domina as canções mais orientadas por pop clássico como a crescente “Somedays (I Don’t Feel Like Trying).” Há aquilo que conhecemos e esperamos, sem tirar nem pôr, deste supergrupo, como em “Born and Razed,” “Help Me Stranger” ou “Now That You’re Gone,” há o inevitável tributo ao passado, mesmo que não sejam uma banda tão colada a ele como se assume, não se inibindo de uma fiel cover de Donovan em “Hey Gyp (Dig the Slowness)” e há ainda há umas boas brincadeiras como “Live a Lie”, que traz uns ares de jam com Josh Homme e um bom recurso ao bluegrass numa emocional “Thoughts and Prayers.” A pegar onde “Consolers of the Lonely” ficou, há mais de dez anos atrás, quer haja um sucessor agora ou daqui a outra década, tem a mesma linha intemporal por onde seguir e nós acompanhamos-los… Steady, as they go

Músicas em destaque:

Help Me Stranger, What’s Yours Is Mine, Thoughts and Prayers

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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