Thragedium

Lisboa Depois de Morta
2023 | Alma Mater Records | Doom metal gótico, Folk metal, Metal progressivo, Neofolk

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Se o nome é novo para quem não deambula pelos campos da música pesada nacional há muito tempo, na verdade não é. Os Thragedium estão a marcar o seu regresso com “Lisboa Depois de Morta” após umas boas duas décadas, já com dois discos arrecadados. Praticam a abordagem mais gótica do doom metal. Claro, se há género que tenha da melhor representação nacional lá fora é esse. País muito melancólico este, afinal. E, mesmo que seja na mesma a partir daí, os Thragedium aproveitaram o longo hiato e o facto de terem praticamente que se apresentar outra vez para também se reinventarem.

Ora então, para localizar, se calhar voltámos aos dois velhinhos discos e vemos que existem participações vocais de um tal Fernando Ribeiro e que esta novidade sai com selo da Alma Mater Records. Parece bem apadrinhado para ser bem lançado e recebido lá fora. E tem sido o caso. E como o tem feito? Ao ser tão português. Rico disco de neofolk lusitano, com tanta referência aqui à tradição deste nosso canto ibérico. Sempre teve. Mas assim que entra a guitarra portuguesa para as passagens acústicas, sabemos que é isso que nos vai roubar a atenção, será o principal foco e identidade de um álbum cuja abertura “Desagregação” é um óptimo cartão de visita, mas não nos revela logo tudo.

Continua a haver muito doom metal na sua forma gótica e death/doom com algumas faixas mais aparentemente convencionais nesse sentido, mas a importância dos temas curtos como “O Pacto,” “Terra Mãe,” ou as ambiências nocturnas e rurais de “Nations Fall” e “Pretérito Imperfeito” é que mostram a importância do folclore português e como é esse o gene principal desta fórmula. O metal aqui é que é o adereço, secundário. “Um Mal Necessário,” baladeira como seja, torna-se o centro do álbum ao comprovar isso mesmo. Chamemos-lhe folk metal sem induzir em erro quem acha que vai sair daqui mais uma data de vikings faroleiros de corno erguido em ode à pinga. Este é o nosso folk metal. Soturno, saudoso, belo, triste mas sempre com uma nesguinha de positivismo. É como “Lisboa Depois de Morta” soa, naquilo que podia ser apenas um álbum de doom pós-apocalíptico que, a julgar pela qualidade das passagens mais assentes nisso, até bastaria. E afinal é o melhor álbum de neofolk metalizado que ouvirão por um bom tempo. E assim desta forma, será o único.

Músicas em destaque:

Lucefécit, Pretérito Imperfeito, Um Mal Necessário

És capaz de gostar também de:

Moonspell, Draconian, Agalloch


sobre o autor

Christopher Monteiro

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