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Tarefa sempre ingrata a de fazer estas pequenas apreciações e classificações, porque os critérios parecem variar sempre. Uma quasi-constante é que realmente procuramos muito a originalidade. Mas mesmo assim, quando começam a inventar demais, já somos capazes de nos queixar de abusos e excessos. Temos que diferenciar entre uma obra verdadeiramente desafiante e original e apenas uma salganhada. Distinguir os Magma dos Iwrestledabearonce, por exemplo. Temos que definir onde está a linha do pretensiosismo, quando a nossa palavra até nem vale assim tanto quanto damos a entender. Tudo para dizer que, para quem não estiver familiarizado com Thy Catafalque, qualquer descrição, ou tentativa, do que se passa aqui dá a entender que possa fazer parte da tal salganhada pretensiosa. Quando não é. E agora avançamos para a parte do fim: “Vadak” até é dos seus melhores discos.
O talentoso e criativo multi-instrumentista Húngaro Tamás Kátai continua a não colocar qualquer limite na sua criatividade e exploração, mesmo com a sua forte assiduidade de lançamentos – “Naiv” é ainda de 2020 e não é primeira vez que ele deixa tão curta fenda entre álbuns. Continua sem medo de pegar na sua base de metal vanguardista para casar a folk tradicional Húngara com a electrónica, como se sempre associássemos uma coisa à outra. E é folk bem de raíz e é electrónica bem abrangente – dêem-lhe sintetizadores e ele vai da synthpop dos 80s às batidas techno. Rodeado de imensos convidados de sessão, – totalizam-se dezasseis convidados, para mexer um pouco no conceito de “one man band” – em “Vadak” há rock progressivo, há black metal, há folk Húngara ou de outros territórios Europeus com a sua devida instrumentação tradicional, há krautrock, há jazz, há música classica, há pop, há electrónica moderna, há da mais clássica, há qual quer que seja o arraial que se passa em “Kiscsikó (Irénke dala),” e deixem chegar ao fim e até uma balada ao piano há. E com certeza há mais qualquer coisa. Lá está, por aqui definimos uma mixórdia, um tacho para o qual se atira tudo, ou uma colagem de pobre estética. Temos que confiar em Tamás e ouvir mesmo a sério: não é o caso, e tudo se junta demasiado bem num disco que parece nem ter o direito de ser tão coeso quanto realmente é.
Claro que a sua digestão – ou compreensão, para sermos presunçosos – não é fácil e não dá para se recomendar logo, quando se pode tão bem separar por pontos e dissecar partes que talvez funcionarão melhor do que outras. Mas tentando simplificar coisas: “Gömböc” e “Móló” são pesadonas, mesmo quando parecem entrar os Depeche Mode de antigamente lá pelo meio; “Köszöntsd a hajnalt” e “Piros-sárga” são melhores temas de folk metal do que praticamente qualquer coisa que tenha saído da enxurrada de quando o estilo era moda; “A kupolaváros titka” podia ser só um interlúdio mas é mesmo jazz a sério; “Vadak (Az átváltozás rítusai)” é o épico que a vossa banda favorita de prog metal anda, desde sempre, a tentar fazer, sem que lhe tenha ocorrido empregar metade das sonoridades que aqui se encontram a funcionar tão bem. Um enorme disco. Dá muitas voltas e dá para um gajo se perder, mas com umas audições repetidas e já ficamos a conhecer melhor o caminho e a voltar lá sempre.
Köszöntsd a hajnalt, Móló, Vadak (Az átváltozás rítusai)
Solefald, In the Woods…, Ephel Duath