Till Lindemann

Zunge
2023 | Edição de autor | Metal industrial

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Mesmo com outras controvérsias à parte, Till Lindemann parece ser dos últimos rockstars que ainda conseguem preservar algum shock value no seu acto. Mais contido com os Rammstein, o projecto Lindemann parecia o perfeito veículo para depravação e para mais algum devaneio pornográfico que não lhe esperássemos, talvez, quando já tivesse a dita idade para ter juízo. “Zunge” é o seu primeiro disco verdadeiramente a solo e o que podia ser mais um veículo para a teatralidade, até parece estar bastante focado em canções.

Quer as recentes polémicas estejam totalmente superadas ou não, Lindemann já vende um disco com o nome e a voz imediatamente reconhecível. O “shock value” realmente voltava no gráfico videoclipe da faixa-título. E ficava um certo receio se isto não seria uma compilação de sobras dos registos recentes de Rammstein e Lindemann. Segue a mesma vertente de “F&M” apenas na multiforme proposta de estilos musicais assentes no industrial. Quer seja com um industrial Europeu de raíz, como o início de “Altes Fleisch” a sugerir que viria aí algo dos Combichrist ou a revelação de um drum and bass em “Alles für Die Kinder.” A forma como a melancolia da faixa-título é logo seguida pela animação de “Sport Frei” é uma mood swing que também lhe associamos. Portanto, é uma experiência libertadora, sem algo que o amarre a um certo parâmetro. E, mesmo assim, tão familiar.

Porque não evita as comparações ao que fez do vocalista Alemão tresloucado famoso. Faz-nos questionar sobre uma possível nova direcção que os Rammstein não tomaram – é bem sabido que qualquer fuga de Till ou mesmo os Emigrate de Richard Kruspe são projectos onde debitar ideias que não caibam nos Rammstein – e até mesmo imaginar um cunho de Peter Tägtgren na escrita das canções para que este pudesse ser o terceiro disco de Lindemann – não deixa de haver umas colaborações interessantes, como Clemens Wijers dos Carach Angren. Com tanto do “Rammstein” ou do “Zeit” numa faixa como “Schweiss” ou “Lecker”e uma “Tanzlehrerin” a funcionar tanto como uma prima da “Ach So Gern” do “F&M,” parece mesmo que “Zunge” podia ser o sucessor de qualquer um desses. É o Till a divertir-se, a explorar o familiar e o desconhecido, a deixar-nos uma boa promessa para a continuação do cunho a solo. Para o ouvinte que também não sabe bem se quer ir à procura de algo novo ou do costume, “Zunge” prometer ser um “grower,” que enriquecerá a cada escuta.

Músicas em destaque:

Übers Meer, Tanzlehrerin, Nass

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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