//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Musicais, regravações de temas, álbuns de covers e até alguma certa brandura, com a sua irreverência de marca a começar a ficar para trás, e com a maturidade e maternidade a começar a chegar-se à frente, dava a entender que os dias mais inspirados de Tori Amos, uma das mais extravagantes e brilhantes mentes da década de 90, já estavam lá para trás. Mesmo com a recuperação de um sentido artístico apurado em “Native Invader,” a expectativa para este “Ocean to Ocean” era inevitavelmente mista ou moderada.
Claro que haveria um certo constrangimento se Tori ainda fosse tão sexualmente fogosa como nos tempos dos seus clássicos e ainda andasse hoje a fazer uma “Professional Widow,” mesmo que até pudesse. Teme-se que esta Tori já não morda sequer e talvez se estranhará a curta duração de “Ocean to Ocean” e se comece a antecipar um álbum cansado e de poucas ideias. Na verdade, é apenas com pouco a nada a provar e Tori equipa-se dos básicos: a sua escrita de canções, o seu piano e o seu próprio legado. “Ocean to Ocean,” mesmo com o potencial título de “álbum mais simples” que se lhe possa assentar, tem nisso força: sem gimmicks, cheio de alma.
Não é um “Little Earthquakes,” “Under the Pink” ou “Boys for Pele,” e nunca mais conseguirá reproduzir os experimentalismos e inspirações traumáticas que originaram “From the Choirgirl Hotel,” mas há bem mais piscares de olho a esse passado, com mais subtileza, a sorrir perante aquela miúda selvagem que agitou o panorama pop e alternativo no seu tempo e, hoje em dia, orgulhosamente a mantém dentro de si e espreita nas canções mais ousadas como “Spies” ou “Metal Water Wood,” e que convive perfeitamente com a mulher madura, serena e espiritual de “Addition of Light Divided” ou “Speaking with Trees” e a dócil mãe de “Birthday Baby.” Sempre acompanhada pelo seu piano, elementos barrocos e uma sensibilidade pop que a coloca bem entre a acessibilidade e a curiosidade. Em “Ocean to Ocean”, Tori Amos valoriza a mulher que sempre foi desde a sua selvagem juventude: a tremenda escritora de canções.
Addition of Light Divided, Spies, Metal Water Wood
Kate Bush, Fiona Apple, Sarah McLachlan