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Estamos no início da década de 90, o glam já deu tudo o que tinha a dar e até deu muita coisa a mais e a farra deu lugar a um cinismo que aceitaria melhor o grunge. Porém, nem com isso teríamos uma juventude mais séria e uma ideia como a de utilizar uma boneca insuflável como papagaio na praia mandava um piadão. Essa maturidade e o ódio por tudo o que rodeasse pediam um hino e lá caíram do céu, algures numa praia deserta, os Ugly Kid Joe. E isto não está numa secção especial de “baú de clássicos,” há mesmo um “Rad Wings of Destiny” a justificar que se fale deles em 2022.
Aquelas criaturas estranhas que tinham todo o aspecto de uma banda grunge, com um som a pender mais para o glam, com alguma cover no bolso e muito humor à mistura. Ficam ali meio enterrados como uma “two-hit wonder” e nós por aqui a considerar o “America’s Least Wanted” tão subvalorizado. O certo é que também não lhe encontraram grande sucessor nos dois discos seguintes e este é já o segundo desde um regresso, a seguir ao discreto “Uglier Than They Used ta Be” já de 2015. Claro que vai ser um álbum de rock n’ roll descontraído, para o qual nem vale a pena ter expectativas. “That Ain’t Leavin‘” traz imenso de AC/DC, “Not Like the Other” até dá assim uns inesperados ares de Green Day modernos, “Everything’s Changing” tem algo do folk rock de outrém, “Drinkin’ and Drivin’” vai directo à paródia de country de raiz e “Lola” é The Kinks. Mas essa é mesmo, eles têm que ter a cover do clássico. E com tanta referência, afinal quem são os Ugly Kid Joe?
“Are you the guys on the beach that hate everything? Eeww,” exclama Julia Sweeney, a interpretar a sua personagem Pat, do Saturday Night Live e do muito mal amado filme, na introdução da versão presente no álbum do seu principal êxito. E parece realmente resumir aí a identidade da banda. Com um álbum, trinta anos depois, que ainda parece disparar para as suas referências do que para eles próprios e mesmo activando o modo throwback – “Long Road” não tem o sarcasmo tongue-in-cheek de “Mr. Recordman” mas finaliza o disco em toada semelhante – fica a disparar um pouco para todo o lado, acertando apenas algumas vezes e a deixar-nos pensar como seriam os Ugly Kid Joe se continuassem pelos 90s fora, depois de “Motel California” – “Kill the Pain” é uma das melhores canções do álbum mas sugere que se equiparassem com velhos nomes do pós-grunge tão memoráveis quanto Collective Soul, Sugartooth ou Silverchair. Tem valor, tem nostalgia e enorme erro será o de quem partir para isto a levá-los muito a sério. E os Ugly Kid Joe continuam a ser uma banda subvalorizada. Talvez não com este disco, apenas.
Everything’s Changing, Kill the Pain, Long Road
Extreme, Soul Asylum, Mr. Big