Uriah Heep

Chaos & Colour
2023 | Silver Lining Music | Hard rock, Rock progressivo

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São mais de cinco décadas de carreira a ser quase tão influentes quanto negligenciados. Pelo menos entre os grandes. A forma como não se assentam de forma tão convencional nos dinossauros do rock progressivo ou do heavy metal pode contribuir para isso, mas também é factor para que sejam especiais. São 25 álbuns com este novo “Chaos & Colour,” após já se ter passado um pouco de tudo. O que justifica que se encare o novo disco com um certo cepticismo. Mas que, acima de tudo, também seja feito com respeito.

Porque os Uriah Heep estavam lá a ter o trajecto que muitos contemporâneos e congéneres tiveram. Editaram as suas obras progressivas na década de 70 e tiveram que se render ao AOR fortemente sintetizado e açucarado na seguinte. Mas já nessa fase existe, por exemplo, um “Raging Silence,” com um estatuto de guilty pleasure a ser analisado, já que aquilo tem malhas mesmo. E antes de tudo, até da identidade prog, têm um espectacular “…Very ‘Eavy… Very ‘Umble,” obra-prima que pode ser o clássico de protometal que, por exemplo, o auto-intitulado dos Steppenwolf não é. Portanto há sempre algo a destacar os Uriah Heep. Que haja um álbum novo em 2023, e ainda por cima com uma capa tão má, merece alguma confiança. Estes velhotes Britânicos sabem surpreender. E “Chaos & Colour” vem cheio de pica e a lembrar propostas recentes dos Deep Purple. É um elogio, que também esses andam a editar coisas melhores que o que deviam.

E também tem semelhanças sonoras. Hard rock forte mas animado e bastante regado de teclados, até se considera que ambas as bandas tenham fórmulas semelhantes. Mas o imortal Mick Box tem noção que a identidade da sua banda de sempre engloba muitas coisas e olha um pouco a todo o lado para estes temas e as suas múltiplas cores – a dar um efeito melhor que o da capa, felizmente. Factor melódico lá encima a encher isto de canções orelhudas, a dar-nos tantas malhas directas como novas tendências para o progressivo como na melancólica “One Nation, One Sun” ou na épica “Freedom to Be Free.” Um trabalho com esforço de uns veteranos que já podiam ter parado ou já estar a marimbar e a lançar pobres desculpas de música que seja apenas uma sombra de aquilo que já tivessem feito. Também podiam ser uns velhos rezingões pós-pandemia, mas preferem ser positivos. Também precisamos mais disso. E “Chaos & Colour” não é só um disco competente que aplaudimos por ainda o conseguirem fazer, é mesmo um dos melhores da sua era mais recente.

Músicas em destaque:

Golden Light, You’ll Never Be Alone, Freedom to Be Free

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Deep Purple, Wishbone Ash, UFO


sobre o autor

Christopher Monteiro

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