Já tivemos aquela temível matança de coelhos a partir de maçãs envenenadas e também tivemos que passar pelas politiquices do costume. Agora, os Venomous Concept oferecem-nos um chupa-chupa, que não parece tão apetitoso como o bom e velho Chupa Drácula, mas o desagradável que traz é do nosso interesse. E o que lhes devemos? Só se for o reconhecimento. De que não são só um side project de sobras dos Brutal Truth e dos Napalm Death e que são mesmo um grande nome da música extrema.

“The Good Ship Lollipop” também vem para surpreender. Algo que ninguém diria, já habituado ao grindcore/crust/hardcore de pontapé-para-a-frente que já aperfeiçoaram e que fez do “Poisoned Apple” um clássico. É álbum de mexer na fórmula, sim. Não há garantia de que os objectos frágeis à volta se safem intactos, mas a fúria grind está contida. Para não dizer cortada. Todo o disco é assente no punk mais à antiga, de músculo mais hardcore mas com um espaço para a melodia que nunca pensámos que esta banda estivesse disposta a abrir. Cheio de groove também, vejam lá. E, se ainda não ouviram, certifiquem-se de que estão sentados para esta: há muito pós-punk aqui. Numa forma meia injectada por esteróides, ou lá qualquer coisa que pudesse estar naquele chupa-chupa, porque ainda estamos a falar de um grande trabalho pesadão.

Os nomes das bandas associadas aos seus membros principais são aqui invocadas apenas para isso. Sim, Brutal Truth e Napalm Death são os nomes a negrito no currículo dos Venomous Concept. Mas as comparações que vos surgirão mais serão coisas como Killing Joke, Melvins – não é que o Buzz seja estranho à banda, também – e até Ramones nas canções mais simples e que deixam entrar alguma alegria ou lá o que possamos chamar a isso. O berrador profissional que é Kevin Sharp não pretende deixar os seus ladrares totalmente de lado, mas canta mais aqui do que alguma vez o ouvimos tentar e até mesmo o bom do Shane Embury o acompanha na voz muitas vezes. Parte daí muita punkalhada com melodia e refrão forte, energia de um thrash contido, e “Voices” sujeita-se a ser a música de oi! mais pesada que já tenham ouvido. Há uma “So Sick,” bem mais dentro daquilo que lhes conhecemos. Mas podem não estar preparados para temas como “Fractured” ou “Flowers Bloom.” Que não deixam de ser dos melhores aqui. De aspecto estranho, mas o raio do chupa soube-nos bem. Não têm mais?