Rammstein

Zeit
2022 | Universal Music | Metal industrial

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Ter discografias de luxo torna-se sempre um obstáculo. Mesmo para alguém com a consistência e vincada identidade como os Rammstein. Três primeiros álbuns que quem dera a muitos conseguir em toda uma carreira, segue-se um “Reise, Reise” de fórmula reciclada e um “Rosenrot” de sobras e começam a dispersar-se algumas atenções, quase a fazer-nos não acreditar que também esses são grandes álbuns. O tempo passa e até já podem ser retrospectivos, seguros ou fazer apanhados de tudo o que tenham feito até agora, ainda só com óptimos álbuns. E agora chega “Zeit” com uns Rammstein contemplativos.

Zeit” não vem para ser um novo álbum de sobras, este foi o trabalho que já prometiam assim que umas certas crises globais que ainda fazem muito eco os impediram de partir para a estrada e cumprir umas datas em estádios. Podia ser só um novo conjunto de malhas que até já o aceitaríamos, mas chegam a nós com uma renovada seriedade e maturidade – um termo usado aqui de forma muito solta, que bem sabemos que eles vão do 8 ao 80 no que diz respeito à seriedade. O clima, assim como a idade tornou-os, tão obscuros como sempre, mais conscientes da sua própria mortalidade e mais melancólicos. À primeira audição, “Zeit” poderia ser o seu disco mais suave, mas após deixá-lo crescer até é um dos seus mais abrangentes.

Claro que a nível sonoro não altera qualquer fórmula. Felizmente têm uma onde têm muito espaço onde se mexer e “Zeit” passa mais por compilar todas as suas anteriores fases, como já o fizeram no anterior auto-intitulado. Vamos da melancolia de “Zeit,” “Meine Tränen,” que até lembra “Ohne Dich,” ou “Adieu” que, a fechar, até levanta especulações, ao puro peso e riffs simples e a puxar ao desenfreado till-hammering de “Giftig,” “OK” ou “Angst.” Não pode faltar humor como em “Zick Zack” ou “Dicke Titten,” que podem ir verificar ao tradutor se significa o que parece, parecido, ou ainda pior. E como não têm medo de experimentar com estranhezas, aquele bizarro autotune de “Lügen” pode espantar alguns, como têm sempre que ter pelo menos uma faixa que até se entenda que muitos saltem. Tal como o anterior, pode ser registo que precise do seu tempo e audições para crescer, é de uma irreverência mais contida do que aquela que lhes associamos, mas é mesmo mais um grande disco a confirmar que o selo “Rammstein” é garantia de qualidade. E coisas a arder à nossa volta, que cá ficamos à espera disso.

Músicas em destaque:

Zeit, OK, Angst

És capaz de gostar também de:

Lindemann, Stahlmann, Eisbrecher


sobre o autor

Christopher Monteiro

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