Eles querem uma festa punk e nós também. E para que pedem tanto se são eles os melhores e mais indicados para a dar? De Viseu para todo o país, os Zurrapa apresentam-nos este “Manual de Incitação a uma Vida Boçal” instrutivo e necessário. Há sempre javardeira para estes lados? Claro que há e bem te deves lembrar dos sítios que eles já frequentaram com o teu pai. Mas desengane-se quem ache que isto é só parvoíce. Primeiro, porque a letra de “Lá Lá Lá” será a coisa mais profunda que vão ouvir. E segundo, porque isto é intervenção em bom português que vem realmente da alma e das vísceras.

Intervenção sem pretensiosismo e a disparar em todas as direcções que estejam a jeito é feito assim. Punk é feito assim. Os episódios aqui retratados são tão actuais que se tornarão datados? Isso ou permanecerão históricos e estão aqui escritos de uma forma diferente. Mais bruto, mais rupestre. E acima de tudo, mais divertido. Prestando tributo a todo o punk e à sua história, – já ouviram uma música que tenha outra música conhecida como intro? Pronto, então peguem lá a “Ace of Spades” a abrir a “Live Fast, Die Drunk” onde os Zurrapa até trocam de língua para prestar tributo a Lemmy & Ca. – não têm papas na língua nem preocupações em serem acessíveis ou em mandar estas músicas para a rádio – não tem êxitos mas a intro de “Lítio” terá sido mais ouvida que muito grande êxito das rádios. É pontapé-para-a-frente, dizer as coisas como são, arranhar a guitarra para riffs simples, – e todos parecidos, admitamos – armar a tal festa punk que tanto pedem, e concluir com silêncio seguido de um dos sons mais maravilhosos.

Vai do divertido – “Kiss Kiss Banga Banga,” “Sem Saia Nem Soutien” – ao bem sério – “Um Mundo sem Paz,” “Umas Botas e um Fuzil” – e, felizmente, tem malhas de princípio ao fim. É necessário porque uma punkalhada regada a cerveja como esta é sempre boa de se ouvir e porque enquanto continuarmos a ser “Governados por Cabrões” é preciso uns escapes. Eles sugerem “Beber p’ra Esquecer” mas se calhar há ainda mais efeito num disco como este. Toca lá a bailar “A Valsinha do Pilota” e procurar um palco onde os Zurrapa estejam aí a partir o piso. Não sejas um boçal.