//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Conheci a Débora no festival TRC ZigurFest em finais de 2016, tocávamos no mesmo dia, Galo Cant’às Duas e Surma em zonas diferentes, e naturalmente nos cruzámos e reconhecemos, de fotos possivelmente e coisas da net . Teve tanto de mágico como de natural este “cruzamento”, a sua leveza, simpatia e bondade vive tanto na pessoa que ela é como na música que faz. O concerto no Teatro Ribeiro e Castro foi mágico como a Débora é magia. Permanece a magia.
Uma boa parte da minha vida foi e continua a ser dedicada a Radiohead, haverá muitas coisas que não saberei nunca explicar desta minha relação com a banda. Fico no sonho de quem procura no sonho um dia melhor para melhor compreender este apego.
Depois de um concerto, com um grupo de amigos, fechámo-nos numa garagem a ouvir discos variados. Uma partilha enorme de música aconteceu – até que alguém me apresentou este brilhante tema dos YES. Fiquei estupefacto com toda a agressividade, psicadelismo, sensibilidade que acabara de constatar. Os grooves de bateria criados pelo Bill Bruford abriu na minha mente um conjunto de emoções e possibilidades que ainda hoje as tento filtrar. As melodias e métricas da voz do Jon Anderson e o fraseado de sintetizadores de Rick Wakeman fizeram-me entrar num mundo nunca conhecido. O equilíbrio musical entre os 5 músicos é tão bem conseguido! Parece que tudo está onde devia estar, considero perfeito. Este tema/disco está gravado no meu coração e parte da minha sabedoria, criatividade, personalidade devo a ele.
Um disco gravado em Junho de 1972 e ainda hoje actual.
Tigran Hamsyan, um pianista Armeno que funde a tradição musical da Arménia com o Jazz Norte Americano. Esta fusão fez-me delirar – as poliritmias usadas, a louca improvisação, a forte secção rítmica, as vozes, as respirações… tudo factores que me inspiraram e fizeram com que trabalhasse a explorasse outros tipos de musicalidade no meu dia a dia. Quando conheci o disco ouvia-o todos os dias, e o incrível é que cada vez que ouço ainda consigo descobrir certos pormenores que estão presentes em toda a intensidade crescente. Este tema em específico parte de um motivo rítmico de piano para frases uníssunas e linhas de voz bem celestiais. Os compassos compostos são fundidos nos compassos simples com naturalidade, é como se fosse tudo bem simples. Torna-se difícil passar o que se ouve para palavras. Ouçam e falaremos mais tarde.
Achámos interessante inserir um tema que ambos gostássemos. Curiosamente e surpreendente não foi difícil. Para além da voz mágica do Patrick Watson que nos transporta para bem longe, toda a banda tem igualmente essa capacidade. Este tema em particular ganha pela intensidade da harmonia e os grooves dentro e fora do tempo com a simplicidade característica destes músicos. Algo que gostamos de explorar no Galo Cant’Às Duas.
Carrie & Lowell fez dois anos. Foi para mim o álbum de 2015 e o sentimento avassalador ainda perdura quando me atrevo a ouvi-lo. Murros no estômago a cada música, beleza que fere, dor que transcende. Dificilmente Sufjan Stevens conseguirá fazer um álbum que supere este e a verdade é que não o precisa.
A internet tem andado à beira de um ataque de nervos com as pistas que Kendrick Lamar tem deixado para o seu álbum novo, que esperamos que saia já nesta sexta-feira. Um vídeo surreal acompanha esta HUMBLE. com K-Dot a dar cartas na pop e a deixar recados a muitos rappers por aí ou será apenas a Big Sean? Seja como for o que vem aí será massivo, porque entre álbuns ou lados b não há nada que Kendrick Lamar não faça com toque de Midas.
2017 está a ser também um ano de regressos das minhas bandas preferidas. Há poucos dias eram os Do Make Say Think e agora estes meninos.
A uma semana do que será um dos concertos do ano para mim, já comecei a desenhar setlists impossíveis na minha cabeça, como esta rara “Dreamed I Killed God”. Podia falar-vos de como a minha pancada pela Dave Matthews Band começou à conta não da banda mas do Live At Luther College, gravação acústica de Dave e Tim. A banda veio depois, assim como os seus concertos gloriosos em Lisboa, mas falta-me concretizar este acústico de um dos mais bonitos bromances da música.
Baralhar, distribuir as cartas, jogar de novo e cometer todos os mesmos erros outra vez.
Se puder deixar um riff falar por si, faço isso com este tema do novo álbum dos Pallbearer. Não me adianta muito estar aqui a gastar linhas quando posso deixar este riff justificar todas as repetidas audições que esta música merece.
Já são uma banda com um requisito muito baixo para me agradar. E sou dos que acha que não têm nenhuma fase fraca nem têm a idade a estorvar-lhes. Muito rapidamente rendido ao novo álbum de Depeche Mode. A escolha de Scum? Primeira que começou a tocar-se sozinha na minha cabeça.
Este fim-de-semana passou mais um Moita Metal Fest. Não fui. Continuo pobre. Não aninhei e deprimi por hábito. Nem sei se isso é bom ou mau.
São recentes mas sinto que ainda deixei passar muito tempo até descobrir estes barulhentos. Não é coisa que entre a todos que apreciem do black metal mais atmosférico e temperado de sludge. Mas a estes não dá para se acusar de serem repetitivos ou saturados. A voz limpa não entra a todos. Mas encaixa perfeitamente. E Ruin, conclusão do disco, é um final caótico e belo.
É fim-de-semana de Wrestlemania. Que ninguém me julgue.
Pistola e punho. Haverá alguém com um flow tão puro e contagiante a fazer música actualmente com a facilidade com que o fazem os Run The Jewels? Como se os valores de produção e as letras aguçadas e fracturantes não fossem o suficiente para os elevar a um qualquer pódio, ainda nos deixam vídeos incríveis como o que faz regressar esta malha à lista de rodagens.
A vocalista do excêntrico grupo de neoRnB The Internet, onde partilha direitos de composição com Matt Martians, saída do famoso colectivo de artistas de hip-hop Odd Future, de onde conhecemos também uns quaisquer Frank Ocean ou Earl Sweatshirt, ainda é um nome relativamente desconhecido na indústria por si só, mas que se mostra de forma impetuosa e clara com um fresquíssimo álbum de estreia e uma mão-cheia de saborosos singles.
E falando de frescura, e de álbuns que ainda agora saíram e já nos assolam o dia-a-dia, surge da mediana quotidiana esta pequena pérola de um empreendedor Ryan Pickard, um norte-americano perdido entre os acordes de surfista e os temas choninhas com que constrói o seu novo álbum.
Num qualquer passeio sob o sol da primavera, entrar numa loja de discos e dedilhar centenas de capas de vinil, entre elas um ou outro clássico obrigatório, e ainda assim passar pela colectânea dos vinte anos dos franceses e deixar nela o maior dos desejos. Vinte anos, e tudo o que precisamos é de um pouco de ar.
O post-punk a fugir para o indie dos Protomartyr foi uma das principais razões da minha estada no Porto aquando do NOS Primavera Sound 2016. Guitarradas incisivas e melodias sedutoras convidam a fingir que se dança. São os Protomartyr e são os maiores.
Num misto de black metal, sludge e hardcore-punk os This Gift Is a Curse, com apenas dois discos, e sem darem demasiado nas vistas, são dos nomes mais sólidos e íntegros do panorama actual no que toca a música extrema. Foi pena só estarem presentes meia-dúzia de gatos-pingados quando os suecos passaram por Cascais e, com um aroma intenso a alcatrão líquido no ar, invocaram Swinelord, numa performance que pareceu ser mais do que um mero concerto.
Já não tinha a sensação de ser, claramente, a pessoa mais nova num evento há algum tempo. Foi na passada sexta-feira que os Pink Turns Blue animaram a Caixa Económica Operária ao ponto de haver quem tivesse aproveitado uma das músicas para jogar ao jogo das cadeiras. Recordou-se assim o post-punk Joy Divisionesco, enquanto esperamos pelo concerto do Chameleons Vox, a ter lugar lá para o fim deste mês.
Por estes lados o interesse pela ambient não-choninhas é cada vez maior, e não há figura mais incontornável que o mestre Tim Hecker. Mais do que fazer-lhe a caminha e desejar uma boa noite, Hecker confronta o público, metendo-o em sentido com lufadas de fumo e distorção. Se Ravedeath 1972 é ou não o expoente máximo na discografia do canadiano pouco importa. É em Harmony In Ultraviolet que Hecker sente o solo do topo da montanha pela primeira vez, tratando-se de um culminar de tudo aquilo que o músico vinha a explorar e preparar desde que começou a produzir em nome próprio.
Foi preciso chegarmos a 2017 para eu começar a ouvir Björk. Esta semana escutei o Homogetic várias vezes e ficou mais do que aprovado.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)