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Também o cinema português (em particular o Cinema Novo) sofre com a malapata de 2016 – depois de Noémia Delgado, é agora a vez de Alberto Seixas Santos se despedir de nós, aos oitenta anos.
Documentarista, realizador de longas-metragens e académico, viveu o cinema como ele podia ser vivido em Portugal. De Letras em Lisboa deu o salto para o estudo da arte em Paris e Londres, passando também pela crítica de cinema na imprensa nacional – Seara Nova e Diário de Lisboa, entre outros. Enquanto membro integrante do Cinema Novo português, pertenceu, pois, ao Centro Português de Cinema
Estreia em 1968 com as curtas-metragens A Arte e o Ofício de Ourives e A Indústria Cervejeira em Portugal – A Nova Fábrica da Central de Cervejas e, em 1975, torna-se num MVP do cinema português, através de Brandos Costumes e As Armas e o Povo. O primeiro marcou a sua estreia na longa-metragem, tornando-se num obra de fundo do cinema nacional. Filme provocador que mostra uma dialéctica geracional e política, entre a juventude sequiosa de liberdade e os mais velhos e sua resignação ao tempo estabelecido, com colagens ilustrativas da glória do Estado Novo, seu golpe de Estado e consequente revolução e premonitória contraposição com o que viria a ser o golpe de Estado de 25 de Abril e revolução daí advinda.
Já o segundo, As Armas e o Povo, é uma obra colectiva com outros nomes de peso; entre outros e para além de Seixas Santos: António-Pedro Vasconcelos, Luís Galvão Teles, António da Cunha Teles, Glauber Rocha, António Escudeiro e Eduardo Geada. Literalmente, a primeira semana após o 25 de Abril: a rua, o povo, a expectativa, a esperança e a tribuna.
Mais tarde, fez a retrospectiva daqueles dois anos, em Gestos e Fragmentos – Ensaio Sobre os Militares e o Poder (1982) e, largando o pendor político da sua obra, dedicou-se a filmar os dramas da vida, em Paraíso Perdido (1995) e Mal (1999), este participando na selecção oficial de Veneza nesse ano. Retirou-se com E o Tempo Passa, de 2011, encerrando mais de quatro décadas de carreira.
Foi, ainda, presidente do Instituto Português de Cinema, director de programas da RTP e professor na Escola Superior de Cinema, ilustrativos da sua dimensão institucional e académica no cinema português.