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Deixou-nos hoje Nicolau Breyner, o actor dialéctico – e um dos nomes incontornáveis no Cinema, do Teatro, da Televisão, da Comédia e do Drama. Porquê? Atente-se nos personagens que interpretou em Crónica dos Bons Malandros (Fernando Lopes, 1984) e Os Imortais (António-Pedro Vasconcelos, 2003): Pedro Justiceiro, que era, na verdade, da má vida e o inspector Joaquim Malarranha, que era justiceiro mas da má vida dos fados. Duas personagens tão distintas, mas tão idiossincráticas e simbólicas. Corpos vivos e de memória popular (e neteira) de uma Lisboa que por vezes cruzou ficção com realidade. No caso de Malarranha, um anacronismo que fazia tudo à mão no meio da invasão da sede nacional da PJ, na Gomes Freire, pelos computadores e inspectores chatinhos e graxistas; no caso de Justiceiro, um “pintas” como já não se fazem.
Nesta era de morte acelerada dos Bairros Altos castiço e cosmopolita (e a emergência do Bairro parolo-turístico), Justiceiro e Malarranha poder-se-iam ter encontrado nos tempos áureos de cada um, seja num fado corrido algures num tasco ou numa investigação de Malarranha – na prevenção dos golpes dos Bons Malandros ou dos Imortais, ou então na sua detenção. Os ecos de setenta e de oitenta, do Ultramar, da sobrevivência do fado aquando da morte do Ti Alfredo, da malandragem lisboeta de antanho e do futuro que traria a tal de “Europa” tiveram aqui um retrato concentrado nestas duas personagens, iluminadas pelo talento interpretativo de Breyner e pela tal luz de Lisboa. Ele na vida, como poucos e para todas as gerações e com a benção dos cónegos António e Dias, só não sabemos se é em casa da Joaneira ou numa casa de fados qualquer.
TÁ TUDO PRESO, SEUS CABRÕES! PORRA, QUE ISTO ATÉ METE AUDIOVISUAIS!