O novo visual dos Screenings Funchal

por Arte-Factos em 2 Outubro, 2018

Os Screenings Funchal estão de regresso com um novo visual e novas surpresas continuando a aposta no cinema de qualidade que tanto público tem atraído aos Cinemas NOS do Fórum Madeira aos sábados.

O sucesso desta iniciativa tem comprovado que há uma procura crescente por cinema menos comercial. Apesar das dificuldades em exibir filmes que tenham uma menor viabilidade comercial e que raramente ocorre fora de Lisboa e Porto, os Screenings Funchal acrescentam  a cidade do Funchal à reduzida lista de locais onde estas estreias têm a sorte de ser exibidas.

Segue abaixo a programação do mês de Outubro:

6 de Outubro – O espectador espantado, de Edgar Pêra

Do muito estimado cineasta Edgar Pêra, esta é uma cine-investigação sobre o espanto no acto de ver cinema. O filme final da tese de doutoramento com o mesmo nome, tendo Edgar Pêra realizado nessa tese 14 filmes no formato tridimensional, aprofundando o estudo do espanto no cinema 3D. Cruzando géneros e dimensões, do ensaio ao manifesto, do documentário à ficção. A única constante é o espanto e a interrogação. Olhando aos diferentes modos de ver cinema e através de um diálogo entre diferentes tipos de espectadores (críticos, teóricos, cineastas e cinéfilos), como por exemplo Eduardo Lourenço, Laura Mulvey, Augusto M. Seabra, entre outros, são nos colocadas e questões extremamente pertinentes e que nos obrigam a reflectir sobre a nossa condição de espectador. “O que é mais cinema? Ver o Citizen Kane num telemóvel ou ver um jogo de futebol projectado numa sala de cinema?” E os espectadores? Deveriam ser pagos?

13 de Outubro – Cold War, de Paweł Pawlikowski

Cold War – Guerra Fria é o mais recente filme de Paweł Pawlikowski, realizador de Ida (2014), com que, entre muitas outras distinções, venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro em 2015. Cold War partilha algumas semelhanças com Ida, esteticamente no seu preto e branco belíssimo e contrastado, mas também na temática aos termos um amor impossível que surge tendo como pano de fundo a Guerra Fria nos anos 50 na Europa do pós-guerra, levando-nos das zonas rurais da Polónia às ruas de Berlim oriental e de Paris à Jugoslávia durante 15 turbulentos anos. Esta é a impetuosa história de amor entre duas pessoas de diferentes origens e temperamentos, que são fatalmente incompatíveis, mas que estão destinadas a estar juntas. Uma história de amor impossível em tempos impossíveis que valeu ao realizador a honra do prémio de melhor realização na edição deste ano do Festival de Cannes.

20 de Outubro – Verão 1993, de Carla Simón

Verão 1993 é um filme comovente e deveras corajoso, um filme auto-biográfico e a primeira longa metragem de Carla Simón. Passando-se em Espanha, o filme segue Frida, uma menina de 6 anos que após a morte dos pais, passa o primeiro verão com a sua nova família adoptiva na Catalunha. Antes do final da estação, Frida tem de aprender a lidar com as suas emoções e os pais adoptivos têm de aprender a amá-la como se fosse filha deles. Marcado por momentos de exuberância infantil e pensamentos amadurecidos, este drama de crescimento, passado entre tonalidades veranis, é um retrato extraordinariamente enternecedor de como é ser criança num mundo de adultos, guiado pelo desempenho avassalador das duas jovens estrelas. É um comovente retrato da forma como uma criança lida com a perda e da sua revolta pessoal no caminho até a aceitação dessa mesma perda. É um filme imperdível de uma jovem realizadora a seguir com atenção, seleccionada pela Espanha para concorrer ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

27 de Outubro – Mandy, de Panos Cosmatos 

Em 1983, algures numa região isolada das Shadow Mountains na Califórnia, o lenhador Red Miller (Nicholas Cage) vive apaixonado pela encantadora e misteriosa Mandy Bloom. Mas a vida pacata que construiu para si mesmo desmorona súbita e tragicamente quando um grupo descontrolado de idólatras e criaturas sobrenaturais invadem furiosamente o seu idílico paraíso. Destroçado, a existência de Red resume-se agora a um único pensamento: vingança. Estreado em Sundance, presente na Quinzena dos Realizadores de Cannes, o muito aguardado segundo filme de Panos Cosmatos, tem desta vez Nicolas Cage como protagonista, mas mantém a capacidade para induzir estados alternativos de consciência no espectador. É também o último filme que conta com a música do malogrado compositor islandês Jóhann Jóhannsson e que com os seus sintetizadores e guitarras eléctricas é sem dúvida a alma do filme. O filme conta com 97% de aprovação da crítica especializada do Rotten Tomatoes e teve a sua ante-estreia nacional no festival MOTELx.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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