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Os Dream People, putos sonhadores de Portugal que ainda há pouco tempo cantaram Putos de Portugal, estão de volta. Depois de um ano em que lhes apagaram material da Internet e de uma renovação nos membros da banda, estão de regresso com disco novo, a ser lançado a 12 de Março do corrente e intitulado Almost Young (pronto, afinal já não são assim tão putos sonhadores), tendo esta People Think como single de adiantamento – ou teaser, se preferirem. Ainda não é a vacina contra o flagelo que nos assola, mas é já uma notícia animadora neste começo de ano. E como é esta People Think?
É aquele post-punk dançável que você respeita (com chorus gostoso), fazendo pontes entre Kim Wilde e os Wild Nothing. A secção de ritmo dá matéria para soco no ar enquanto Bernardo Sampaio coordena a equipa do rendilhado guitarreiro e Francisco Taveira sussurra e abre a voz no refrão como se estivesse num baile no liceu de Stranger Things ou do Regresso ao Futuro (de 1985 ou de 2015, com ou sem hoverboards) numa letra que de sonho tem pouco: entre o lamento de uma vida perdida (na qual daria jeito um DeLorean para corrigir erros de percurso) e a constatação da irrelevância de quem se acha superior mas que nunca passou do rés-do-chão no prédio da vida, dá-nos a crer que quem caiu na mediocridade é gente que não pensou muito. Nunca se esqueçam, caros leitores: sem música como deve ser e sem garra e jovialidade a normice está à distância de um sunset numa praia urbana algures.
Certo é que os putos não querem saber, atamancam por atalhos e não querem deixar de ser o miúdo que outros outrora foram mas que deixaram de ser através da perda da sua substância. Porque, como já nos disseram: “Sem tempo não se brinca. Se não se brincar nada se cria. E se nada se cria mais vale sermos todos pedras.”
Uma quebra antes de uma investida final pelo refrão e temos aspirina contra o desprezo por uma vida bem vivida. Existencialismo com perfume indie.
Como banda que amadurece que se preze, há colaboração de vulto logo no videoclip da canção: João Reis Moreira, dançarino e comparsa de Conan Osiris, contorce-se e contrai-se pelas sombras como se tivesse visto toda a gente a atirar-se do Titanique, num trabalho de câmara que remete para os melhores videoclips de Kate Bush ou do Prince de oitentas. Em paralelo com a letra, assemelha-se a alguém possuído pela dúvida de ter ou não desperdiçado a vida.
Com realização de Andreia Pereira da Silva e produção da Maus da Fita, eis então o videoclip de People Think: