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Nos dias 26 e 27 de Janeiro, Scott Kelly (Neurosis, Corrections House, Mirrors for Psychic Warfare, entre outros) passa por Lisboa (Sabotage) e pelo Porto (understage), acompanhado por John Judkins (Rwake, Today is the Day).
No início dos anos 80, Scott Kelly viu no modus operandi dos Black Flag e na cultura D.I.Y. a possibilidade de dar um sentido à sua própria existência, tantas vezes conturbada, acidentada e incompreendida. Os Neurosis nascem a ensaiar entre paredes forradas a Joy Division, Swans, Amebix, Celtic Frost e Hawkwind; mas tão ou mais importante do que fazer música, para aqueles outsiders era imperativo – parafraseando Kelly – “encontrar uma família.”
Se há indivíduos que nos surgem como a personificação da integridade artística, Scott Kelly é, sem dúvida nenhuma, um deles. A imponência de uma mítica “Locust Star”, tocada ao vivo na edição de 1996 do Ozzfest, só encontra paralelo na longevidade da carreira do colectivo, que de pouco valeria se não fosse absolutamente imaculada e marcada por uma invulgar sinceridade.
Se os Neurosis parecem mover-se num plano que tende para o abstracto, no seu exercício a solo – um escape que vem sendo cada vez mais recorrente – Kelly parece encontrar conforto no quotidiano. Temas como a perda dos que lhe eram queridos, o refúgio que encontra na família e uma incessante procura de redenção, marcam a folk introspetiva, minimalista e, sobretudo, honesta do músico natural de Oakland, Califórnia.
Scott Kelly esteve já três vezes em Portugal. Em 2011, estreou-se no Santiago Alquimista, em Lisboa, e no Passos Manuel, no Porto, onde tocou temas de The Wake (2008) e Spirit Bound Flesh (2001), bem como alguns, então inéditos, que viriam a figurar em The Forgiven Ghost in Me (2012) e nos discos de homenagem a Townes Van Zandt (influência nuclear no seu trabalho a solo). Regressou em 2014 no formato Scott Kelly and the Road Home, isto é, acompanhado por Noah Landhis, também ele membro dos Neurosis, e Gregory James Dale. Mostrou-se sempre comunicativo, honesto e grato pela presença e o apoio dos que apareceram para o escutarem em noites de chuva. Em 2016 deu-se o inesquecível: no dia 21 de Agosto o Mercado Ferreira Borges, no Porto, albergou a sexta edição do Amplifest, e, finalmente, a estreia dos Neurosis em Portugal diante um Hardclub a rebentar pelas costuras.
Mais uma vez, e sem surpresas, é pela mão da Amplificasom que temos a sorte e a honra de receber no nosso país alguém que nos é tão querido.