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A História repete-se, não como tragédia nem como farsa, mas sim como noise: Shikabala anda novamente por Portugal e está pronto a rebentar com os ouvidos alheios e com consciências musicais limitadas. Não, não é o mesmo Shikabala, o enigmático (futuramente lendário em blogues ou perfis de Instagram dedicados a cromos da bola) jogador egípcio de futebol contratado por outro mestre de (outro) noise, Bruno de Carvalho; é, outrossim, um novo projecto – e porque não alter ego egípcio – de Aires, made man do Colectivo Casa Amarela, cosca de criadores de ambient, drones e noise cada vez mais marcante, sempre sob a santíssima trindade de Noise, Poncha e Ronaldo.
Continuando na sua senda prolífica, estreia (ou regressa de um hiato de cinco anos fora de relvados) agora Shikabala. Projecto distante da beleza de composições como Azul Metalizado (in Modernidade Líquida, CCA, 2019) ou do experimentalismo conflituante de Peak Bleak, Deus Shikabala é uma poncha venenosa e sulfúrica, corrosiva no seu sarcasmo sonoro (ou, tratando-se de Egipto, de agressividade ideológica à Sayyid Qutb) e imprópria para normies, falsários de cena e espécies adjacentes. Com design gráfico de Mafalda Melim, é uma edição conjunta com a Rotten \ Fresh, selo igualmente nacional que já nos deu coisas como Carga Aérea ou Odete.
E, ao contrário de Shikabala I, a liturgia noise com chuteiras de pitões de aço de Shikabala II poderá ser testemunhada em mais uma Noite Fresca, a 11.ª, a acontecer já neste sábado, dia 25, no Desterro. Ali foi inaugurada a era da Pós-Verdade, sucessora da Pós-Ironia – porque esta, como diz o Autor, só nos fornica a vida.
E a pós-verdade é esta: sabem que o um artista é mesmo bom se já tem vídeos-tributo de fãs.