Vodafone Paredes de Coura 2022 – A Antevisão

por José V. Raposo em 8 Agosto, 2022 © Vodafone Paredes de Coura

Com a época de festivais de Verão a decorrer a todo o gás, eis mais um regresso: o do Vodafone Paredes de Coura. Depois de um palco e recintos em modo minimalista e com pleno distanciamento social em 2020 e 2021, parece que temos mais um regresso em mãos, entre os dias 16 e 20 de Agosto.

Estão de volta os mergulhos no Coura, os “estágios” nas esplanadas da vila nas noites anteriores aos dias de festival a doer, o campismo (para quem tem idade, paciência e gosto para isso), os sets de certo colectivo no Xapas (passe a publicidade descarada e conflito de interesses) e, claro está, concertos até dizer chega. Este ano, mercê da pausa forçada à conta da pandemia, haverá música na vila entre os dias 12 e 15 de Agosto, bem como mais um dia de concertos (dia 16 de Agosto) no recinto, contando este com nomes exclusivamente portugueses.

O Couraíso chama e nós deixamos aqui a antevisão dos nomes de maior relevo por dias.

 

Dia 16

No primeiro dia a doer do festival, são os nomes nacionais os donos do cartaz. Logo a meio da tarde (16:30h), temos os Paraguaii, cujo Propeller foi um dos melhores álbuns nacionais do ano passado – quem suar demasiado pode sempre ir ao rio dar um mergulho para esfriar.

Às 19:00h entra em palco o inefável (no bom sentido) Samuel Úria. Não se distraiam com as horas após aquele concerto, contudo, que pelas 19:45h há a pop minimalista de Rita Vian no palco Vodafone FM.

Ao cair da noite uma série de gente irrecusável, com Linda Martini e Mão Morta à cabeça. Ambas com amplo e glorioso historial em Coura (e uma a seguir à outra, 20:30h e 22:00h, respectivamente) e ambas no palco Vodafone. Sam The Kid (que não se esqueça de comer a torrada antes de sair de Lisboa para dar sorte) com Orelha Negra e Moullinex fecham o palco Vodafone (23:30h; 01:15h) e Bruno Pernadas e os conjuntos Corona e Cuca Monga (22:45h; 00.30h e 02:30h, respectivamente) fecham a noite.

 

Dia 17 

O que nos velhos tempos era o dia de recepção é agora um dia de pleno direito. Arranque com prata da casa ou, melhor dizendo, com a melhor banda de substituição nacional ou uma espécie de melhor sexto homem da NBA com guitarras com Gator, The Alligator no Vodafone FM (18:00h), palco que também verá os britânicos Porridge Radio (19:15h) e os irlandeses Murder Capital (22:30h). Já a paleta pop da norte-americana Indigo de Souza está marcada para as 20:35h, igualmente naquele palco.

Expectativa elevada para a estreia dos Idles no anfiteatro natural de Coura (parece um sítio feito de propósito para eles) às 23:15h, seguindo-se-lhes a dream pop majestática dos Beach House às 01:00h. O punk javardo dos Viagra Boys (02:15h) e a house psicadélica de Haai (03:30h) perfazem o after.

 

Dia 18

 No segundo dia do “tempo regulamentar” (que vai ser durinho, avisamos já) de festival há, pelas 15:00h no palco Jazz na Relva, uma sobremesa das boas para rebater o almoço com o supergrupo de jazz nacional Chão Maior. Se no dia anterior temos a paleta pop de Indigo de Souza, no dia 18 há o autêntico buffet de sonoridades funk e hip hop dos Surprise Chef no Vodafone FM (18:00h).

Deixem-se ficar mais um pouco naquelas paragens porque às 19:05h há Donny Benét, conterrâneo daqueles, mestre da pop sedutora e o maior pintas da edição deste ano – e de pelo menos umas vinte para trás e umas dez para a frente. O jazz não se fica pelos Chão Maior, que os The Comet Is Coming (19:45h, palco Vodafone) de Shabaka Hutchings vêm botar para quebrar.

Também de destaque são os bielorrussos do post-punk Molchat Doma (Vodafone FM, 20:35h) e os versáteis norte-americanos Parquet Courts (Vodafone, 21:25h), servindo de aquecimento de muita qualidade para a PERRADA (com “e”, mesmo) dos Turnstile, às 23:15h no palco Vodafone. Se depois do hardcore os vossos ossos ainda não estiverem perto da ruptura dirijam-se para o after a cargo dos napolitanos Nu Genea (que trarão banda) e de John Talabot, que regressa após nove anos de ausência – à 01:45h e 03:15h, respectivamente.

 

Dia 19

Se uma sexta-feira fora de época de festival já é motivo para qualquer um bater o pé, a sexta courense não foge à regra. Logo às 19:15h no Vodafone FM há Kelly Lee Owens, às 22:30h Arp Frique & Family e a lenda do Gana Ata Kak (aliás Yaw Atta-Owusu) em formato banda às 02:25h e, por fim, agarrem-se ao skate imaginário das batidas de Mall Grab às 03:30h.

Porém, se precisarem da dose diária recomendada de guitarras, contem com Ty Segall & Freedom Band às 23:25h no palco principal, antecedida de outro nome bem regressado ao festival, o jazz para alternos dos BadBadNotGood (Vodafone, 21:45h). Tudo isto sem esquecer Arlo Parks, cantautora britânica – que lançou um bem agradável Collapsed in Sunbeams no ano passado – às 20:05h.

 

Dia 20

O último dia traz um dos nomes grandes do cartaz, os Pixies. A banda de Black Francis e companhia (sem Kim Deal, infelizmente) volta a tocar no festival, dezassete anos depois, fechando o palco principal às 00:20h.

Os pratos fortes do dia, no entanto, são quase todos no palco Vodafone FM: Manel Cruz às 18:00h para quem tiver saudades das enchentes de outras edições com Ornatos Violeta, a pop experimental de Perfume Genius (20:35h) e Yves Tumor e sua banda (22:00h) e o trap de Leste com vista para o Mundo de Tommy Cash (02:05h) – cá o esperamos, depois do concerto cancelado em Lisboa.

O final do festival estará a cargo, como sempre (já se pode dizer isto), de Nuno Lopes.

 

Não sabemos se o tempo estará perfeito para a prática das modalidades, se não haverá mais desagradáveis surpresas por conta do bicho que tem assolado o planeta desde 2020 (ou outras maleitas, como sucedeu com os King Gizzard & The Lizard Wizard, que cancelaram a sua vinda nos últimos dias) ou se, com tudo o resto constante, os concertos serão bons. Certo é que, perante um cartaz como o que Paredes de Coura ostenta em 2022 não se poderá dizer que falta diversidade sonora (dentro da música popular, bem entendido). Agora é desandar A1 e A3 acima e só sair na placa que disser “Paredes de Coura”, para o teste do algodão. Andor.


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José V. Raposo

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