//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Segunda quinzena de Agosto significa, para quem é sócio do clube da melomania popular, que uma campanha de Vodafone Paredes de Coura está nas cercanias cronológicas. O festival minhoto comemora os seus trinta anos (TRINTA, C…, como diria o vulto penichense) com um cartaz de antologia que bem espelha a sua identidade – em particular a dos últimos dez anos.
O rio Coura, a vila e o anfiteatro natural (ainda verde, antes de toda a rebaldaria que em cima dele decorrerá) estão à espera dos convivas e estes estão à espera de quatro dias de concertos para se construir memórias e, paralelamente, mais um capítulo da história do festival. Desde 1993 que o Couraíso chama (pelo menos para quem não acampa) e nós deixamos aqui a antevisão dos nomes de maior relevo em cada dia.
16 de Agosto (quarta-feira)
Chamar-lhe dia de recepção não faz grande sentido; chame-se-lhe antes “dia de cantar pneu com o pedal a fundo”, tal é peso no cartaz. Só pela zona do indie, há nomes relevantes da nova guarda como Snail Mail, Squid e Dry Cleaning, bem como o regresso (passaram pelo anfiteatro natural em 2000) de soberanos do rock alternativo, os Yo La Tengo. Igualmente imperdível será a visita de realeza de outra estirpe: a da rainha da pop pensante e de bom gosto, Jessie Ware.
Contingente nacional de interesse é o composto por Chinaskee e Nuno Lopes, que desta vez fecha o primeiro dia.
17 de Agosto (quinta-feira)
Se os nomes grandes do rock alternativo continuam o seu desfile em Coura neste segundo dia, desta vez vão estrear-se e não regressar: falamos dos The Walkmen, que terminaram o seu hiato e vão passar em revista a sua história nas margens do Coura. Depois da passagem pantomímica em 2013 com The Knife, Karin Dreijer traz o projecto pessoal, Fever Ray, que tem disco novo para mostrar, Radical Romantics (Rabid; Mute; 2023).
Outros nomes de destaque são os de Avalon Emerson (belíssimo & the Charm para testemunhar ao vivo) e a prata da casa nacional dos Indignu, banda barcelense mui do agrado deste tasco e que bem merece palcos como os de Coura. Ainda de notar que Anemone, de Brian Jonestown Massacre, é daquelas canções que parecem feitas de encomenda para a zona do Taboão – e deverá ser o arranque do concerto da banda de Anton Newcombe.
18 de Agosto (sexta-feira)
Como o sextou nunca tira férias e, passe a publicidade (e o conflito de interesses), o dia começa ao início da tarde ainda que fora do recinto, com a comemoração dos dez anos da residência no Xapas de GPSS – promete-se festão mínimo garantido. Entrada livre, já agora.
Mas as batidas daquele colectivo não serão as únicas de relevo do dia. Há Little Simz, Kenny Beats e Yung Lean para uma dose cavalar de hip hop nas suas várias visões – para ouvintes mais minuciosos, para zoomers e para quem mais quiser. Do Tamisa para o Coura vêm com chancela real MADMADMAD, Kokoroko e black MIDI – estes últimos, herdeiros das melhores tradições dos King Crimson e dos Minutemen, são já repetentes em Coura. Não esquecer ainda os Thus Love.
19 de Agosto (sábado)
Fecho em beleza com o fim da espera pelo retorno dos Wilco a Portugal (não nos víamos desde o primeiro Primavera Sound portuense, em 2012). Jeff Tweedy e companhia servirão um sarrabulho comemorativo, com cominhos de country para toda a torcida.O contingente de post-rock de Paredes de Coura 2023 tem, para além dos “nossos” Indignu, a presença de Explosions in the Sky, outro nome grande do cartaz.
Dificilmente se encontra uma expectativa maior do que aquela que se tem para o concerto dos Les Savy Fav, a incrível e imprevisível (acreditem, os adjectivos nunca chegam) banda norte-americana, cujos genes são compostos por ADN de partir tudo e mais alguma coisa. Preparem-se.
Se acima são estreias, então os Sleaford Mods voltam para cuspir ácido urbano. A fechar os destaques do dia está Lee Fields, veterano da soul e da funk que colaborou com meio mundo.
Um cartaz à altura da data (ainda que a trigésima edição esteja para vir, dados os dois anos de interregno pandémico), construído (como o do Primavera Sound, de resto) para quem tem um ouvido curioso. Os chorões que clamam por cartazes de antanho – em particular dos anos do nu metal – terão de rumar a outras paragens ou de actualizar as listas de reprodução no Spotify.
Até ver, evitaram-se sustos de saúde e a previsão meteorológica está a favor. O resto, já sabem: não é “o Paredes”, mas sim “Paredes de Coura”. Todos ao Coura, que há saudades para matar.
Bilhetes e mais informação aqui.