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A segunda noite de celebração do terceiro aniversário do Sabotage Club aconteceu na passada noite de sexta-feira, e estávamos já bem perto da madrugada de sábado quando as bandas começaram a subir ao palco. A hora marcada para o arranque dos concertos era as onze da noite, mas o costume português de chegar atrasado levou a que a essa hora ainda fosse pouca a gente dentro do bar e, consequentemente, a que se esperasse que a sala ficasse mais composta.
Se conhecerem ou se forem pesquisar um pouco sobre as bandas rapidamente percebem que a noite foi consideravelmente rica em variedade musical, ainda mais sabendo que o Filho da Mãe se fez acompanhar por Ricardo Martins e juntos trouxeram literalmente a tormenta.
Coube aos Birds Are Indie a responsabilidade de abrir as hostes. O trio vindo de Coimbra, que mistura de uma forma bem peculiar uma sonoridade mais folk com subtis incursões por uma vertente mais rock e por vezes pop ficou encarregue de suportar a parte mais “soft” do que ali se iria passar. Apesar de terem um álbum novo, “Let’s pretend the world has stopped”, lançado já este ano, o alinhamento do concerto assentou na generalidade de todo o trabalho desenvolvido já desde 2010, com incursões mesmo pelos primeiros EP’s, como foi exemplo “Maybe” presente no primeiro lançamento da banda, “Love Birds, Hate Pollen”. No meio de algumas conversas, problemas alérgicos (talvez provocados pelo pólen da primavera), entre referências aos estilos da música das outras bandas surgiu por exemplo “High On Love Songs” com uma confissão de ter sido composta no dia em que foi tomada a decisão de se deixar um emprego muito mau.
Os Evols foram os senhores que se seguiram, trazendo consigo a sua mistura de um punk com uma espécie de post-rock, mais introspetivo, mais instrumental e menos direto. E embora possam parecer dois mundos impossíveis de juntar, os Evols fazem-no e fazem-no bem. Após terem estado mais desaparecidos, o ano passado lançaram o seu “Evols II” e, ao contrário do que os Birds Are Indie fizeram, estes assentaram o seu concerto no mais recente trabalho. Durante esta atuação por vezes toda a massa sonora acabou por se exceder um pouco, mas nunca nada extremamente exagerado, não tendo impedido o público de dançar ao som do single “Shelter” ou navegar na beleza de “Easy Rhyme”. Nesta altura já a sala estava a começar a ficar mais composta e sentia-se que as pessoas estavam à espera do concerto de Filho da Mãe & Ricardo Martins.
E foi então que esse tão aguardado momento chegou. Filho da Mãe & Ricardo Martins trouxeram o seu “Tormenta” e aplicaram o título na perfeição no espetáculo, desde logo com aquela enorme dinâmica e a bateria bem repenicada tocada pelo Ricardo, que tornou difícil aos presentes controlarem-se a si próprios. Fizeram-se guiar pela ordem do álbum começando com a bonita e tão rica dinamicamente “Estrela e Acabada”, que fez logo perceber que, apesar de estar mais habituado a dar concertos de guitarra acústica e sentado, caso tenha uma guitarra elétrica nas mãos, Filho da Mãe parece que está também ele ligado à corrente e não consegue parar muito sossegado em palco, sendo até impressionante o jogo de pés feito com os pedais. Comprovávamos facilmente ali mais uma vez a excelência técnica e musical dos dois músicos. Ainda houve mais umas quantas ocasiões para a sala vir quase a baixo, como em “Pessoal Beto em Sítios Chungas” ou em “Tritão”, também esta um belo exemplo de dinâmica musical.
Foi sem dúvida uma excelente noite a celebrar o aniversário do Sabotage com projetos nacionais, bem diferentes uns dos outros mas todos de extrema qualidade, algo que esta sala já nos habituou.