//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
O Bisonte, juntamente com m-ania e Popanolica, levaram à risca – para não dizer que encarnaram na perfeição – o dito popular “se queres alguma coisa bem-feita, tens de ser tu a fazê-la” e decidiram criar o conceito O Bisonte Convida, e logo numa primeira edição/concerto com os enormes And So I Watch You From Afar, no Plano B que, para além de ser um óptimo espaço, cada vez mais começa a ser palco de grandes concertos. A questão que agora se coloca é: o que virá a seguir?
Numa toada muito semelhante ao concerto do passado sábado, mas, provavelmente, uns furos acima e sendo, provavelmente, o melhor concerto que assistimos do quarteto portuense, O Bisonte proporcionou-nos mais uma grande e consistente actuação. Com o mesmo conceito e acessórios em palco – placares com imagens provocatórias constantemente a passar –, Tudo de Bom deu início ao concerto, com um Plano B esgotado. Mesmo antes de Debandada, Davide afirmava para os que pareciam mais surpresos com o que se estava a passar, que “é tudo rock” e incitou o público a mexer-se mais, e assim foi. Já começam a faltar adjectivos para caracterizar a performance da banda, sem cair em repetição. Apesar do movimento entre o público não ter sido tão intenso como em outros concertos, o contínuo sing-along, por parte dos seguidores mais fidedignos da banda, nunca faltou.
Seguiram-se Matilha dos Tristes e Acácia. Como se costuma dizer, a diferença está em pequenos detalhes e, já por várias vezes, elogiei tanto a postura em palco de Davide, bem com a sua capacidade vocal, mas, neste concerto ficou provado o porquê dos elogios: poucas pessoas devem ter reparado que a meio do tema Golias (salvo o erro), engasgou-se e, mesmo assim, não parou de cantar por um único segundo. Quantos vocalistas conseguiriam fazer isso? Porém, O Bisonte é um animal poderoso e potente, onde todos os – excelentes – músicos que o compõem são importantes para o resultado que está à vista de todos. Mais uma investida e Seis Estátuas, Mundos e Fundos, Três Vivas e Bula sucederam-se em catadupa. Laia trouxe, a pedido da banda, uma invasão de palco e todos os microfones foram tomados de assalto para se ouvir a plenos pulmões os fãs que subiram ao palco. Davide era agora, um mero espectador, visivelmente agradado, a ver O Bisonte na plateia. Para finalizar esta investida forte e directa do bisão teríamos Músculo.
A tentação de cair em termos brejeiros é imensa para definir a quão boa e orgástica a actuação dos irlandeses foi. Contudo, será evitada ao máximo. Para os conhecedores do trabalho dos And So I Watch You From Afar (ASIWYFA), as expectativas já seriam altas, porém poucos serão aqueles que, no fim do concerto, não superaram segura e amplamente essas mesmas expectativas. É de louvar a entrega e humildade deste quarteto irlandês, visivelmente satisfeitos, surpresos e muito agradecidos por estar ali, com uma casa completamente cheia e tão entusiasmada para os ver. Para aqueles que estão, agora, arrependidos por não terem ido, há uma boa notícia: eles vão voltar em breve.
Se não conseguíssemos ouvir a música que saía das colunas do Plano B, certamente pensaríamos que estávamos perante uma banda de math/noise core tal era a forma frenética e constante que os irlandeses se mexiam em palco, especialmente o guitarrista Rory Friers. Mas não, os ASIWYFA tocam um post-rock com muitas influências musicais e nada previsível. Logo na primeira música, BEAUTIFULUNIVERSEMASTERCHAMPION, Rory, a tocar, fez uma primeira investida por entre o público e, mesmo no final da música, uma corda rebentara-lhe, algo que não o atrapalhou em nada. Após trocar a corda, sem nunca haver segundos sem som, deu lugar às primeiras trocas de palavras, bem como para respirar e, os mais distraídos viram o baixista, Johnny Adger, vestido com a camisola da selecção nacional. Seguiu-se Gang (Starting Never Stopping) que nos levou de volta a outra dose de post-rock muito bem executado e à convulsão de movimentos e saltos. Ouviu-se a enorme Search:Party:Animal, do seu último registo, Gangs, e logo depois A Little bit of Solidarity goes a Long Way, do seu álbum homónimo.
Pouco havia para conquistar por parte dos ASIWYFA, mas eles conquistaram tudo e mais alguma coisa, deliciando por completo todos os presentes que, após pedido de ajuda, entoavam as vocalizações de 7 Billion People All Alive At Once. Seguiram-se D is for Django the Bastard e S is for Salamander, do seu EP de 2010, The Letters. Em jeito de encore, ficaria o melhor para o fim – se é que alguém ainda poderia pensar que iria melhorar: a maravilhosa e espasmódica Set Guitars to Kill e em The Voiceless quando ambos os guitarristas vão para o meio do público e numa espécie de espiral, tanto eles como o público, se sentaram no chão para um final em êxtase.
Foi uma noite fantástica para todos os presentes no Plano B e que, quase de certeza, não se irão esquecer tão facilmente deste concerto que figurará nos melhores do ano.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)