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Sem a acutilância lírica de Tyler, A$AP Rocky vive de outros atributos para dar espetáculo. Menos versátil nas sonoridades, aposta-se na coerência para pôr o público a dançar. Por isso, deixe-se cair o beat e toca a dançar até doer os pés.
Desde o momento em que entrou em palco, o rapper nunca se cansou de desafiar o público português. Este seria o verdadeiro M.V.P. da noite. Sempre solicito para cantar, para entrar em mosh pits, atirar soutiens e apanhar Rocky quando ele mergulha sem aviso prévio quando se preparava para sair de palco.
“Let me catch my breath,” suspirava o artista ao fim do primeiro tema, “Distorted Wave”. Apesar de estar claramente a perder 15 a zero na competição de estaleca que incitou com o público Rocky continuava a ameaçar com a voz incorpórea que falava com ele que “they ain’t ready for this.” Em particular quando recuava aos primeiros dois álbuns.
“If you got some weed smoke it right now,” pediu antes de “Kids Turned out fine.” Culminando o que foi um dia bafejado de referências a erva (Yellow Days e Thundercat fizeram-nas) o jovem de Harlem acende e fuma um charro em palco. “This shit is lit,” foi sobre o público, mas podia ser sobre o canhão que levava aos lábios.
Houve ainda “Fuckin Problems” dedicado às senhoras. Perdão às “Lay-deeez”. Uma dedicatória bonita se ignorarmos a letra. Também “Telephone Calls”, dos A$AP Mob, e outras passagens pelo reportório do grupo.
Segundo dia de NOS Primavera Sound e o hip-hop continua a dominar. Quando Rocky despe o hoodie e revela uma t-shirt da digressão de 2005 dos Def Leppard ocorre-nos que, acreditando nos arautos da desgraça, às tantas o rock está mesmo morto e o hip-hop, qual Hércules vitorioso face ao Leão de Nemeia, veste-lhe a carcaça.
Só que não.
Ouvir A$AP Rocky pedir “mosh pit, mosh pit, mosh pit” com o tom de quem repete Beetlejuice para assustar os demais, lembra-nos que nunca nada vai substituir o mosh do rock ou do metal. O de hip-hop não está pior (a menos que a tua banda se chame Death Grips), mas é para meninos.