Reportagem


Bifes Fest

Uma família a homenagear Sérgio Curto

Nirvana Studios

17/11/2018


Já todos frequentámos muitos bons festivais de norte a sul neste país e a sensação com que saímos do Bifes Fest, que se realizou no passado sábado na Nirvana Studios, é que nada consegue ser tão bonito como quando é feito por amor.

Sérgio Curto, mais conhecido como Bifes e membro de bandas como Simbiose ou Dr. Bifes e os Psicopratas, perdeu a vida no passado dia 7 de outubro, num trágico acidente de mota. Mas Bifes não morreu nesse dia, pois os seus amigos e familiares fizeram questão de prolongar a sua vida, homenageando-o com um festival em sua honra: o Bifes Fest. Toda a receita reverteu para a família de Sérgio e, quem ainda quiser contribuir, pode fazê-lo para o seguinte IBAN PT50 0035 2152 0000 9994 6302 4.

Neste dia foi também apresentado o álbum “3.º Testamento” de Dr. Bifes e os Psicopratas, pela editora Hell Xis, tendo Emanuel Silva, responsável da editora, anunciado que todo o lucro obtido com a edição deste álbum irá reverter a favor da família de Sérgio.

Para quem quis começar o dia mais cedo, o programa abriu com um almoço convívio, idealizado e concretizado pelo Chef Vítor Hugo Alves, almoço este que tinha a particularidade de ser estritamente vegetariano, seguindo assim os ideais que o próprio Bifes preconizava.

Desde cedo se percebeu que este seria um dia de reencontros e de partilha, com todos os que foram chegando ao longo da tarde, um dia, acima de tudo, de celebração da vida de alguém que, directa ou indirectamente, tocou as vidas de todas as pessoas que lá estiveram. E como foi bonito ver que não foram assim tão poucas quanto isso. Ao final do dia, a casa estava cheia.

Apresentaram-se dez bandas em palco, um alinhamento de luxo no cenário do Hardcore, com Fonte a dar o mote para o que se iria seguir tarde e noite dentro. Seguiram-se bandas como Bellenden Ker – que prestaram a sua homenagem com o “Barco do Aborto”, música de Dr. Bifes e os Psicopratas –, Peste & Sida, Jackie D e Mordaça que protagonizou um dos momentos do dia com a “Praia da Cruz Quebrada”, também de Dr. Bifes e os Psicopratas, levando o público a comungar de um espírito de pura união. Engane-se quem acha que o amor e a amizade não podem ser expressos através de circle pits ou walls of death.

Ainda o alinhamento ia a meio quando os Dollar Lama subiram a palco, seguindo-se as Anarchicks, banda que tanto tem dado que falar no cenário do punk em Portugal.

Não podemos deixar de dar também nota de apreço para o DJ Chaparral (Pinela) que, nos intervalos dos concertos, nos animou com o melhor do rock ‘n’ roll.

Quando Simbiose entrou em cena, Jonhie referiu que era estranho estar em palco sem Bifes. Jonhie, um dos grandes motores por detrás da organização deste festival. Foi estranho para a banda e foi estranho para quem os assistiu. Mas nem assim a entrega foi menor, antes pelo contrário. De ambas as partes.

Trinta & Um apresentou-se com elementos da sua formação original para dar o que seria um dos concertos da noite. No entanto, a apoteose dar-se-ia com a actuação de Dr. Bifes & Os Psicopratas. Sem o Dr. em cena, apresentaram-se ao serviço muitos assistentes. Antigos membros da banda, amigos, num “roda-e-bota-fora” de gente que queria estar ali a preencher o vazio deixado pelo Sérgio.

“Era assim que ele queria”, dizia Zé Miguel, guitarrista dos Jackie D e antigo membro de Dr. Bifes os Psicopratas. E foi assim que os seus amigos manifestaram o seu amor por ele. No final, não era preciso ter conhecido Sérgio Curto para perceber que ele foi – e será sempre – uma pessoa especial. Dúvidas houvesse, era ter estado presente no Bifes Fest no passado sábado.

Esperamos, assim, ter assistido à primeira de muitas edições deste festival. Pois afinal de contas: Bifes Not Dead.

Texto de Inês Ventura

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(Fotos por Inês Ventura)

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A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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