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À terceira foi de vez e a Nos Amis Tour passou finalmente por Portugal. Depois de um concerto inicial marcado para 10 de Dezembro que se viu relegado para 5 de Março, sendo também cancelado, a banda fez-nos acreditar que a espera valeu a pena e mostrou que o rock pode renascer das cinzas qual fénix.
Para se entrar no Coliseu havia que passar por uma rigorosa revista. O aparato policial fez-se notar e embora a improbabilidade de voltar a acontecer algo semelhante num concerto da mesma banda, percebe-se que a mesma se queira segura e aos que a seguem. Hoje, porque casa roubada trancas à porta, a segurança é reforçada para que impere o amor pela música e sobretudo pelo rock’n’roll.
Batem as 22 horas e o público já impaciente chama pela banda. O atraso é pouco e ainda sem debitar uma nota, o vocalista Jesse Hughes contempla o recinto e cumprimenta aqueles que se encontram mais à frente, cara a cara. No fundo do palco, está o logo da banda ladeado por dois grandes cartazes com uma imagem de Jesse numa alusão ao Tio Sam, usando a deixa “I Only Want You”, uma das mais famosas canções da banda. A música de fundo é a icónica “Magic”, dos Pilot.
Depois de espalhar simpatia, agarra na guitarra e ajeita o bigode, põe os óculos, passa as mãos no cabelo e a primeira a saltar dos amplificadores é “I Only Want You”, o primeiro grande êxito da banda de Palm Desert. O público entra desde logo em delírio e a energia faz-se brotar com uma plateia imparável.
“The Reverend” é a que se segue, abrindo alas para uma rajada de Zipper Down, o álbum que esta tour promove. “Whorehoppin’ (Shit, Goddam)” dá um salto para Peace Love Death Metal. A estrondosa “Complexity”, é um dos novos singles e muito orelhuda, entrando facilmente pelos ouvidos dentro. Na continuação do álbum novo segue “Silverlake (K.S.O.F.M.)” mais pausada mas ainda assim poderosa. A 2008 voltamos com “Secret Plans”, que convida todos a extravasar.
“Oh Girl” leva a manifestações de agrado da plateia feminina. É uma faixa mais calma, com bastantes laivos de Queens of the Stone Age. E por falar nisso, hoje só faltou mesmo Josh Homme.
“Cherry Cola”, dedicada ao público feminino, é um belo regressar ao álbum Death By Sexy, de 2006. “Save a Prayer”, versão dos Duran Duran é um dos temas mais recentes e carregado de simbolismo, à luz dos acontecimentos que mancharam o Bataclan de sangue. Escusado será dizer que todos conhecem esta canção e a mesma é entoada em uníssono.
Passado pouco mais de uma hora, a banda sai de palco, deixando em suspenso o prometido encore. Vão passando alguns minutos e o público, eufórico e impaciente vai batendo palmas, gritanto, e pressionando a banda para se despachar a voltar.
Voltam e Jesse Hughes traz novo modelito, desta feita um blazer vermelho comprido. “I Love You All The Time” vem no álbum novo e é dedicada aos fãs. É também uma das faixas que servem como resposta da banda ao terrorismo. Esta seria aquela que se seguia no alinhamento do concerto no Bataclan quando este foi interrompido.
Ouve-se também uma versão de David Bowie, “Moonage Daydream”. “Wannabe in L.A.” recua a 2008 e é um inevitável baile rock.“I Want You so Hard (Boy’s Bad News)” leva a um corropio na multidão. Copos de cerveja pelos ares, circle pits descoordenados, o que vier.
Jesse cantarola o refrão de “Hey Mickey”, de Toni Basil, incitando a que o cantemos. No entanto, é “Speaking in Tongues” que estamos prestes a ouvir. A certa altura, Jesse abandona o palco e deixa a restante banda a improvisar. Sem aviso, aparece no lado oposto do palco, no camarote presidencial, e muitos que ainda tentam perceber o que se passa só dão por ele quando a luz se foca naquela tribuna. De lá de cima, toca a sua guitarra e a banda que ainda está do outro lado, continua o improviso até que o mestre de cerimónias dê a volta ao Coliseu. Diz que têm algo de especial para a Europa e tocam um trecho da intemporal canção dos Europe, “The Final Countdown”.
As luzes acendem e a muito custo temos que sair. O sentimento é de alegria, ouviu-se boa música e os sorrisos estão estampados na cara. É incrível vermos que estes músicos, que tinham tudo para não voltarem a estar em cima de um palco, estão na sua melhor forma e não há neles um pingo de medo. Nas palavras de Jesse Hughes, de facto “nada consegue matar o rock’n’roll”. Hoje tivemos a prova viva disso.