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Na passada noite de sexta-feira, a cidade de Braga recebeu o primeiro dia da Braga Music Week, uma espécie de festival que, durante nove dias, preenche as ruas e a vida da cidade de música. No dia inaugural, as celebrações deram-se no GNRation, embora o foco se tenha divido entre a música e a fotografia; simultaneamente, ocorriam os Encontros da Imagem, um outro festival de referência. Na ligação entre os dois mundos, estiveram os Ermo, projecto de António Costa e Bernardo Barbosa.
Por sua vez, os Encontros da Imagem levaram a cabo uma iniciativa preliminar, à qual compareceram, divididos entre o inglês e o espanhol, magotes de fotógrafos profissionais de várias nacionalidades; e a propósito dos 25 anos do festival de fotografia, convidaram o actual director de programação da Rádio Universitária do Minho, Rui Portulez, a curar uma exposição de 25 capas de discos, que funcionou como homenagem ao que, durante muitos anos e com tendência a deixar de o ser, foi a nossa primeira impressão com a variada música que ouvimos ao longo da vida. Mas será assunto para uma outra altura.
Há muito que o concerto dos Ermo estava anunciado, na linha dos projectos “Trabalho de Casa”, onde através das residências artísticas promovidas pelo GNRation, os artistas preparam espectáculos diferentes, durante uma semana, que muitas vezes os remetem para fora das zonas de conforto. E ter os Ermo neste contexto é duplamente aliciante: são sobejamente conhecidos pela envolvência dos seus espectáculos, e a sua música, experimental e pouco ortodoxa, confronta e desafia as hipotéticas linhas da crítica moral.
Quanto ao concerto dos Ermo, era sabido que se apresentavam com mais um músico, Eduardo Peixoto de Almeida. Já em palco, e para uma sala inquieta e faladora, dispuseram-se sentados em torno de um centro que albergava toda a instrumentação, maioritariamente electrónica, enquanto que, nas suas costas, eram exibidos álbuns fotográficos de vários artistas, pertencentes aos quadros dos EI. A música começa envolvente e soturna, um negrume electrónico deslizante, que de quando em vez afunilava em segmentos mais ao jeito de uma canção; não tardaria que António tomasse as rédeas ao microfone e conduzisse a música a seu gosto. Mas quando aconteceu, fê-lo comedida e discretamente, como se não ousasse transpor o limite visual a que se propôs – estavam conscientes que, nessa noite, repartiriam atenções.
Ao longo de quase uma hora ininterrupta, deu-se este jogo entre som e imagem. Uns ter-se-ão centrado na música dos Ermo, encarrilando numa performance que não quis ser protagonista; outros, descartaram-na em prol do deleite visual da fotografia, e ficou a música renegada para segundo (ou terceiro!) plano. Quem quis o melhor dos dois mundos, vislumbrou algumas passagens em que o todo foi maior que a soma das partes.
O conceito apresentado pelos Ermo foi exigente e ambicioso, e há um muito restrito lote de projectos musicais (no qual estão inseridos) que será capaz de trabalhar desta forma. Da musica apresentada, “algumas coisas” são indicativo do próximo trabalho, diz-nos António. Ficamos à espera.
Interesso-me por muitas coisas. Estudo matemática, faço rádio, leio e vou escrevendo sobre fascínios. E assim o tempo passa. (Ver mais artigos)