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O guia espiritual hipster que renega o seu rebanho chegou com um ligeiro atraso ao Palco Seat do NOS Primavera Sound. Porque a organização tem póneis reféns nos bastidores que dependem da pontualidade de encerramento dos concertos para continuarem a sua feliz vida equídea, o espetáculo de Josh Tillman seria parco em palavras e deixaria que as canções falassem por si.
E por falar nas canções: esperemos que temas como “The Ballad of The Dying Man”, “Real Love” ou “When the God of Love Returns…” sejam opcionais para a experiência de Father John Misty ao vivo para os festivaleiros, caso contrário haverá muita bílis a ferver a norte do Douro.
Pela nossa parte, o artista tem já um almanaque tão bom de canções que 12 temas escolhidos aleatoriamente produziriam sempre um bom espetáculo. Este foi dedicado a “God’s Favourite Customer”. Salvo erro, “Pure Comedy” ter-se-á ficado por duas incursões (“Total Entertainment Forever” e “Pure Comedy”) o que nos parece uma quebra abrupta com o penúltimo álbum.
Ainda assim, nada que detraísse do concerto – o problema foi outro.
Indultem-nos naquilo que é uma teoria pretensiosa e contraintuitiva que só gente que pensa demasiado sobre isto assumiria: Father John Misty tem canções demasiado boas e isso é um problema ao vivo.
Calma. Faz sentido.
Se tivermos de comentar o concerto sobre a forma de aforismo, o resumo é pouco mais do que: “Tocou estas; foi bom”. Passo a (não) expressão, não há nada de extraordinário para escrever aos pais a contar. Ao vivo, a qualidade das composições é quase uma muleta para um espetáculo cujo primeiro ponto alto foi Tillman ter largado a guitarra com abandono. Sim, um homem feito, a dançar em skinny jeans também é bonito de se ver, mas já vimos aquelas pernocas em Novembro do ano passado.
Mas continuamos a gostar. “Are you all staying dry?” pergunta. Até agora sim, mas com esse movimento de ancas é difícil, Josh. “You guys must hear this all the time, but what a great audience you are”. Nós sabemos e é bom ouvi-lo de todas as vezes. Das bancadas laterais até à frente do palco, o público fez-se ouvir sempre que solicitado. Só que Sr. Tillman – se me permite – como é que concluímos a frase: “Adorei o concerto de Father John Misty no Primavera; foi aquele em que ele…” o quê?
Não estamos a pedir mortais encarpados. Só qualquer coisa única. Nós já sabemos que o concerto iria ser entre bom e muito bom – este foi o último, porque claro que foi. Só nos queríamos poder gabar de ter cá estado daqui a uns anos.