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Desde que o Super Bock Super Rock rumou novamente para Lisboa (quem por aqui ainda sente nostalgia dos pinheiros empoeirados do Meco?), que muitos dos concertos que nos têm ficado na memória e no coração, aconteceram no palco LG perto da escadaria da Altice arena, com a música portuguesa em destaque.
Há dois anos atrás Slow J começou ali com estrondo a sua residência no festival e no ano passado os Throes + The Shine fizeram uma festa tal que ainda hoje recordamos nos ossos aquela dança incendiária. Queremos manter este ano a mesma tradição e por isso ontem abdicámos do bonito tributo que estava a ser feito ao Zé Pedro e fomos espreitar Filipe Sambado e os seus Acompanhantes de Luxo ao palco LG.
A música de Filipe Sambado parece ser feita de um equilíbrio cuidado entre sonoridades tradicionais, até mesmo populares, e um psicadelismo suave, que nos faz por vezes ter vontade de sacudir o corpo, e por outras é capaz de nos embalar em viagens mais esotéricas. A sua escrita consegue ser pueril, com jogos quase demasiado fáceis de palavras, “beijinhos para quem fica, beijinhos para quem vai”, jogos que outras vezes nos enleiam, obrigando-nos a virar-nos para dentro, “antes queria não viver, do que andar a viver mal, dá-me beijos sem saber, dá-me vida com mais sal”. Sabemos bem que muitas vezes o diabo se esconde nos detalhes e as músicas de Filipe Sambado estão cheias deles.
Existe ainda a parte visual do músico, defensor assumido da comunidade LGBT, alia a sua imagem andrógena às suas letras sem papas na língua (convidamos-vos a todos a ouvir por exemplo a “Deixem Lá” do seu último disco). Haverá ainda quem fique chocado por ver um homem maquilhado ou com uma camisa rendada, a todos esses juntamos a nossa voz à de Filipe quando canta que “ass ambado não faço mal a ninguém”, música com que se despediu num inesperado encore arrancado pelos fãs, amigos e curiosos. Não havia muita gente para ver o algarvio é certo, o dia de ontem esteve longe de esgotar e acreditamos que muitos só terão mesmo chegado à hora para ver The xx, mas a festa fez-se igual, de acordo com a máxima “poucos mas bons”.