Reportagem


Foals

Pop-rock gingão em noite de festa

Vodafone Paredes de Coura

19/08/2017


© Hugo Lima (hugolima.com)

Continuamos a recordar com nostalgia um certo momento de um certo Alive. Corria o ano de 2011 e os Foals ainda só tinham os dois primeiros e mais interessantes discos: Antidotes e Total Life Forever. Banda certa no momento certo (mesmo não tendo havido “Two Steps Twice”, pois a banda foi autenticamente expulsa de palco por ultrapassar o tempo). Já os vimos mais 4 (!) vezes depois disso e, não tendo dado nenhum mau concerto, mesmo quando a voz de Yannis Philippakis esteve bem frágil no SBSR 2014, parece que resta pouco dessa genuinidade natural que os caracterizava no início.

A culpa será do que fizeram depois. Com os dois discos seguintes, transformaram-se numa banda diferente. Perderam o saxofone à Morphine e muito do trinado de guitarra. Não fizeram nada de horrível, mas transformaram-se numa banda mais genérica e isso sente-se em palco.

O alinhamento em Paredes de Coura até inclui muito Antidotes. Só que, por exemplo, “Red Socks Pugie” tem uma entrada espacial que lhe retira intensidade, a percussão reforçada de “Electric Bloom” é muito discreta e a aceleração de “Two Steps Twice” parece ficar aquém das potencialidades do tema.

O concerto é mau? Longe, muito longe disso. É lógico que o maravilhoso “Spanish Sahara” continua a emocionar as pedras da calçada. E grande parte das músicas mais recentes até resultam bem ao vivo. O estilo gingão pop de “My Number”, com uma linha de baixo mais intensa, resulta numa boa festa. E os mais pesadões “Inhaler” e “What Went Down” tem condimentos de autênticos hinos rock de estádio. Só que os temas sucedem-se sem pausas, e parece que tudo é feito de forma mecânica, sem grande amor, sem grande chama, sem momentos apoteóticos. E, nada como admitir, fica difícil uma pessoa dissociar-se da memória desse momento mágico e irrepetível de 2011.


sobre o autor

Joao Torgal

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