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Em véspera de Páscoa, a romaria fez-se até à sala Tejo para uma Missa Papal muito especial comandada pelos suecos Ghost. A primeira parte esteve a cargo dos Zombi, duo instrumental de Pittsburgh, que por volta das 21h subiu ao palco para começar a animar as hostes. Donos de um som instrumental onde misturam o rock e a electrónica e abusam nos sintetizadores, são bons no que fazem mas talvez não fossem a escolha mais indicada para entreter os fãs salivantes de Ghost. A primeira parte da noite foi, assim, um pouco morna, tal era a ansiedade em torno do que estava para vir.
A espera fez-se ao som de “Masked Ball” por Jocelyn Book e “Miserei mei, Deus” de Gregorio Allegri, duas pequenas intros que exaltam o canto gregoriano e que mentalizam os fiéis para o que virá a seguir. Até que finalmente se apagam as luzes e a banda começa a tocar “Square Hammer” sob uma chuva de aplausos e cânticos. O público mostra que sabe as letras e repete incansavelmente “Are you ready to swear right here, right now”, acompanhando o vocalista Papa Emeritus III.
Segue-se a mais pesadona “From the Pinnacle to the Pit” acompanhada igualmente por um público entusiasta e que quase ultrapassa o vocalista em termos vocais. A fantasmagórica “Secular Haze” ameniza as coisas e prepara o terreno para a obscura “Con Clavi Con Dio”. O nosso Papa da escuridão é um verdadeiro show-man e sabe conduzir toda esta missa ao mesmo tempo que deambula no palco com um turíbulo e faz a incensação da Sala Tejo.
“Per Aspera ad Inferi” é mais um tema extraído de Infestissumam. Do mesmo álbum vem a faixa seguinte, que é introduzida com uma pequena nota do Papa sobre o vinho do porto (parece ter adorado) e com a subida a palco das irmãs – as tradicionais Sisters of Sin – que trazem o sangue e o corpo de Cristo (uma delas é Catarina Henriques, a baterista das Anarchicks). Trata-se de “Body and Blood”, um tema mais melodioso e dormente.
Voltamos ao registo mais recente, Meliora e dele podemos ouvir “Devil Church” e a carismática “Cirice”, esta última com laivos de uns Metallica na sua fase boa. Como seria de esperar os fãs mostram que sabem a letra, enquanto acompanham com um belo headbang. “Year Zero” é um dos momentos altos da noite, quase como que uma homilia entre banda e público, em que o quinteto mostra toda a sua noção de espectáculo. Ouve-se a harpa de “Spöksonat” para dar origem a “He Is”, outro tema mais épico e thrash e propício a uma espécie de mosh no centro da plateia. “Guleh/Zombie Queen” e “Ritual” fecham o alinhamento principal, mas a banda oferece-nos um encore, que tal como Papa Emeritus diz, será o “orgasmo” do público. O serão termina com “Monstrance Clock”, recebida em peso.
Polémicas de parte, a banda soube conduzir uma cerimónia rock e mostrou-se mais sólida que nunca. Além da competência técnica, sabem entreter e isso denota-se em toda a teatralidade, gestos e interpelações que o vocalista faz ao público.