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Os Idles eram um dos nomes grandes do cartaz, indiscutivelmente. Podendo já ser considerados como daquelas bandas com casa comprada por cá, colocaram as expectativas para lá da Serra do Corno de Bico. Passe o chavão, a tensão no ar era palpável e não era apenas porque já estava complicado furar para ficar num lugar porreiro, tamanha era a enchente para ver a banda de Bristol – mas também porque se previa uma hora de pancadaria da grossa. Poucos locais neste mundo haverá que sejam tão apropriados para ver os Idles: era mesmo “o” festival nacional que estava em falta em matéria de acolher o grupo, dado o já excelente historial que têm por cá (e a devoção aqui do tasco).
Como não podia deixar de ser, Colossus abriu as hostilidades. O seu crescendo de violência foi o mote para o resto do concerto dos Idles; Joe Talbot, mestre de cerimónias que ainda nem tinha pegado no microfone e já tinha vinte mil pessoas na mão, decretou que havia que abrir um pit para a conclusão da canção – e o público acedeu e esmigalhou-se furiosamente.
Uma Car Crash bem arrancada não suplantou, todavia, Mother, malha seminal na obra dos Idles, que deu origem ao primeiro picanço vozes do público contra PA. Se quanto a cantorias estamos conversados, em matéria de modalidades de pit os convivas ora andavam à roda em Divide and Conquer, ora saltavam furiosamente em Never Fight a Man With a Perm, na qual, confessamos, foi difícil manter a objectividade (e os punhos para baixo no refrão).
Contrariamente ao que tem sucedido em vários concertos desta mais recente digressão dos Idles, as mensagens políticas cingiram-se apenas a Danny Nedelko, no sentido de que não nos devemos render à escumalha e de que os imigrantes são um contributo de valor numa sociedade. Saúda-se esta mensagem, até porque os Idles tratam assuntos políticos complexos à martelada de Ensino Secundário (como recentemente num concerto nos Países Baixos, em que criticaram a rainha, merecendo a indiferença do público). Quanto a Danny foi aquilo que se esperava: gargantas a rebentar e muitos braços e pó no ar, com o microfone de Joe Talbot virado para o público dar de si, como mandam as regras dos concertos que se fazem grandes. E um Mark Bowen a nadar no mar de gente, naquele abraço típico dos Idles (e que não seria o único de bandas ao público).
Tratando-se dos Idles, há sempre a dicotomia violência das canções-teor terno das comunicações de Joe Talbot com o público. Disse, com zelo, que o público nacional foi sempre inexcedível, que com tanto braço à vista se sentia seguro e que todo o cenário das árvores e da encosta do Couraíso é inesquecível, encimando que tanto carinho já lhe chega para morrer seguro. Melodrama? Confissão? Não sabemos, mas uma The Beachland Ballroom coloca um órgão na disposição de palco dos Idles e serve de pausa para retemperar o físico.
Uma arrebatadora Rottweiler fechou um belíssimo concerto, onde a banda respirou não só os ares minhotos, mas também teve o condão de alongar canções e apostar numa pedrada de barulho para variar um pouco do seu padrão directo ao assunto. Nunca andem à bulha com um público de Coura, que ficarão com histórias para contar toda a vida.