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No âmbito da digressão que celebra o disco mais recente, The Book of Souls, os míticos Iron Maiden não podiam deixar Portugal de fora e mais uma vez arrastaram uma multidão de peso até à MEO Arena.
Ao se chegar às imediações do recinto era fácil avistar os fãs, de preto como manda a tradição e com t-shirts da banda inglesa ou de outra dentro do mesmo género. Era possível também ver-se bandeiras e cachecóis de Portugal, não fosse um dia de especial alegria depois da vitória no campeonato Europeu de futebol. Esperava-se a cereja no topo do bolo para estes milhares que depois de um dia de festejos nacionais acabariam a noite a cantar os temas de uma das bandas mais marcantes da música pesada.
A banda de abertura, The Raven Age, que tem como guitarrista George Harris, filho do mítico baixista Steve Harris, começou a tocar pelas 19h30, em modo aperitivo com o seu heavy metal. No entanto, a sua actuação ficou-se pelo razoável, sem grandes manifestações por parte de um público ainda disperso e expectante para o que viria a seguir.
Pouco depois das 21h, deixa de se ouvir a música ambiente e as luzes baixam. O público exalta-se e ouvimos a versão em disco de “Doctor Doctor”, faixa original dos U.F.O e versão de Iron Maiden com Blaze Bailey na voz. No final da canção, a banda irrompe em palco despoletando a histeria colectiva. Começam com “Eternity Should Fail”, com Bruce a cantar isolado, elevado no centro do palco e envolvido por fumo. O público responde de imediato com euforia, mesmo não sendo esta faixa um clássico. No entanto, sabia-se de antemão que as faixas de Book of Souls iriam compor grande parte do alinhamento. No fundo do palco estão as pirâmides Maias, um mote inspiracional por detrás do álbum novo. Segue-se outra das mais recentes, “Speed of Light”, o single de apresentação do mesmo, acelerando um pouco mais o ambiente.
Bruce Dickinson dirigiu-se ao público falando nas 18 mil pessoas que compunham a multidão e não deixou escapar o momento futebolístico que se vive no nosso país. Gritou-se “Campeões, nós somos campeões!” e o vocalista empunhou um cachecol nacional.
Retrocedemos a um clássico de ’82, “Children of the Damned”, para gáudio de muitos. “Tears of a Clown” e “The Red and the Black”, levam-nos de novo ao álbum mais recente. Esta última, uma faixa longa e bem sucedida que levou todo o público a entoar o cântico do final. O pano de fundo do palco muda novamente e começa a surgir o famoso “The Trooper”. Consequentemente, só poderíamos ouvir a faixa com o mesmo nome, embelezada por um imponente Eddie versão soldado a ilustrar o palco e um Bruce Dickinson a correr desenfreado com a bandeira do Reino Unido na mão.
“Powerslave” juntou em harmonia os 3 guitarristas, Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers enquanto Bruce Dickinson envergava uma máscara alusiva ao wrestling mexicano. Voltamos ao disco da tour com “Death or Glory” que amainou um pouco a tormenta e “The Book of Souls” a faixa que empresta o nome ao álbum. Aqui um Eddie em ponto gigante faz-se passear pelo palco, para excitação de todos os presentes. Janick Gers vai tocando e correndo em volta das pernas da figura gigante, provocando a conhecida mascote. Bruce Dickinson arranca-lhe o coração e a plateia aplaude o golpe final. E disto também se faz um concerto de Iron Maiden.
“Hallowed Be Thy Name”, outra canção mítica, foi uma das que não se ouviram no concerto da banda em 2013. Não foi o caso desta vez e o público respondeu em peso, cantando religiosamente do início ao fim todos os versos. Ainda não recompostos da cantoria, vem outra para continuar o frenesim. “Fear of the Dark” é o momento alto do concerto, rebentando o recinto com tanta voz junta. Outro clássico do início dos anos 80, “Iron Maiden”, sela o fim do alinhamento principal.
A banda sai e regressa para o encore muito aguardado. A voz soturna da intro de “The Number of the Beast” faz-se ecoar por toda a sala seguida de perto pelos fãs. Uma das faixas mais conhecidas e que não deixa ninguém impávido, traz de volta o fulgor aos pulmões e os saltos colectivos. A festa continua com “Blood Brothers” e “Wasted Years” que é outra que desafia as cordas vocais e fecha brilhantemente o concerto. Para os cépticos em abandonar a sala, ouviu-se “Bright Side of Life” dos Monty Python, na confirmação que já não se ouviria mais Iron Maiden.
Sem sombra de dúvidas um concerto equilibrado no que toca a alinhamento, assentando no trabalho actual mas sem esquecer as grandes glórias do passado. Mas se a banda é irrepreensível, o mesmo não se pode dizer da acústica do recinto, perturbando muitas vezes a compreensão das canções e distorcendo-as. Ainda assim, um concerto de Iron Maiden é um misto de emoções e uma recordação para a vida mostrando que se a idade começa a pesar, sacode-se a mesma para o lado.