Reportagem


Kokoko!

Os fatos-macaco amarelos tornam-nos numa espécie de Caça-Fantasmas da zoeira

Praia Fluvial do Taboão

14/08/2019


© Hugo Lima / Vodafone Paredes de Coura 2019

Os congoleses Kokoko! foram o nome fora da caixa de after deste ano. Intitulam-se como um colectivo que soa simplesmente a uma festa de bairro em Kinshasa e, com efeito, foi mesmo isso que se viu e ouviu.

Assim sendo, abram alas que o quinteto tem um disco e tanto, Fongola (Royal Mountain, 2019), saído de instrumentos parcialmente criados pelos próprios no bairro de Ngwaka. Liderado pelo congolês Makara Bianko e pelo produtor francês débruit (Xavier Thomas), o concerto do colectivo foi um cacimbo de polirritmos e uns quantos samples bem puxados.

Os fatos-macaco amarelos tornam-nos numa espécie de Caça-Fantasmas da zoeira (e numa antítese dos elegantes fatos dos membros da La Sape) depois de mais de uma hora de depressão urbana dos The National (lê aqui como foi). E que zoeira, senhores!

A ordem era para partir chão com canções como Azo Toke ou Buka Dansa; uma mescla entre os nossos Buraka Som Sistema e o saudoso Papa Wemba, rei da rumba congolesa. Também se detecta um pouco dos sul-africanos The Boyoyo Boys. Certo é que, se julgarmos pela amostra, a evolução da música popular africana vai de vento em popa, auxiliada pelo profícuo encontro entre electrónica e polirritmos – nós por cá temos, num registo mais sóbrio, João Pais Filipe e Valentina Magaletti no registo Cobre, Zinco e Níquel. Um dos concertos do certame e coitada da pedra do pavimento do palco Vodafone FM.


sobre o autor

José V. Raposo

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