Reportagem


Linda Martini

O crescer da banda que põe a nú a revolta adolescente que todos nós passamos

Lux

16/02/2018


© Ângelo Lourenço

Na passada sexta-feira o Lux, em Lisboa, voltou a trocar os ritmos mais dançantes e electrónicos por um rock bem directo e a exigir músculo no pescoço. Tratava-se da segunda noite de apresentação do novo disco dos Linda Martini, e coincidiu com o seu lançamento oficial.

Já poucos motivos faltam para não perceber como esta banda portuguesa, nascida nos anos 2000, consegue esgotar de forma tão fácil duas noites numa das salas mais importantes da capital portuguesa. Afinal de contas os Linda Martini levam 15 anos no activo e este auto-intitulado álbum é já o quinto longa-duração. Com um percurso que passou por várias variantes estilísticas, sem nunca abandonar de todo o rock mais directo e poderoso, é compreensível que a sua música se tenha cruzado com bastante gente.

O concerto, obviamente, foi assente nas músicas do novo álbum, o que por vezes deixou a descoberto uma normal falta de “estudo” por parte da audiência, ainda assim a pujança ao vivo destas novas músicas disfarçava esse facto e temas como Gravidade ou Boca de Sal provaram já estar quase encaixadas na memória dos fãs.

Este disco homónimo é talvez um pouco mais agressivo que o anterior o que, juntamente com as letras, põe a nú a natural revolta adolescente que todos nós passamos. Ainda assim, desta vez são misturados elementos que soam mais a jazz, como em Domingo Desportivo, mostrando igualmente um certo amadurecimento da banda. E esta é uma receita que resulta na perfeição ao vivo, criando os necessários opostos ao rock agressivo.

Músicas como Caretano ou Quase Se Fez Uma Casa provaram também resultar muito bem ao vivo e, Se Me Agitando, promete seguir directa para o reportório de músicas a usar nos momentos mais calmos dos espectáculos da banda.

Numa noite em que o novo álbum foi rei, e com um repertório já largo, obviamente ficaram umas quantas músicas de que gostamos bastante por ouvir. Ainda assim, houve merecidas incursões a todo o trabalho anterior, com Panteão, Amor Combate, As Putas Dançam Slows, Belarmino Vs ou o espectacular final do concerto com Cem Metros Sereia, que deixou o público a cantar o célebre verso uns bons cinco minutos depois das guitarras se calarem, com Hélio Morais e Pedro Geraldes a “sobrevoarem” o público num crowdsurfing de agradecimento.


sobre o autor

Joao Neves

Partilha com os teus amigos