//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Derradeiro dia do Milhões de Festa 2016. Hipótese última para usufruir de tudo o que Barcelos tem para nos dar, antes de 2017. Mergulhámos na piscina ao som de Tomaga, minimalistas e incisivos na sua bateria compassada e quase militar, e contemplámos todo aquele cenário idílico. O que mudou desde 2010? Vemos os rostos de sempre, aqueles que marcam presença fiel desde o primeiro momento, percebemos quem está à descoberta deste admirável mundo novo, damos conta de quem não esperava receber tanto a troco de uma simples entrada de festival. Aproveitámos até ao último instante a piscina, zarpámos para uma tainada e pedimos perdão a todos os artistas, mas quando regressámos já era noite cerrada. Entrámos no recinto ao som de Part Chimp (não somos todos?), noise puro capaz de despedaçar qualquer coração mais sensível. Foi a descarga (ou injecção?) de energia perfeita para as últimas horas de Festa.
Pouco depois das 23h, chegava a vez de El Guincho. O espanhol tem uma relação muito íntima com o Milhões: passou pelo festival na sua estreia em Barcelos em 2010 e deixou uma marca para todo o sempre. “Antillas”, hit orelhudo da pop, tropical e revivalista, tornou-se o hino oficioso do festival, fruto da reacção espontânea e viral do público. O regresso deu-se a propósito do novo trabalho “HiperAsia”, um mix de trap – aquela corrente que está a renascer em Espanha e a emergir nas franjas indie da produção musical – com eletrónica melosa, mas apenas veio comprovar o velho ditado que diz que em equipa vencedora, não se mexe. El Guincho está em baixa forma e conseguiu dar um concerto chato, simplesmente chato – e afirmar isto magoa-me. O disco novo não funciona ao vivo e o público só acordou perante aquele que é um momento majestoso da sua carreira: “Bombay” (de “Pop Negro”, 2010), um elogio à vida e ao sonho. Seguiu-se a despedida de Pablo Díaz-Reixa do público português com emoção à flor da pele e um regresso a 2010 – “Antillas” e o pedido de mostrarem aos novatos como se faz. Foi com um comboio em frente àquele palco lotado que o espírito de festa tomou de assalto o recinto.
Nova festa chegaria pouco mais tarde com Dan Deacon. O rei do LSD feito música encerrou a sua digressão em Barcelos e agitou de tal forma, que até um rapaz de perna engessada voou em crowd surfing. Entre coreografias e muita interacção com o público, Dan recordou as grandes malhas da sua vida. Seguiram-se mais dois contrastes: ho99o9 (lê-se Horror) e Nidia Minaj: os primeiros deram alto mergulho no hardcore em mistura com hip-hop, um delírio cénico e digno do palco Lovers & Lollypops, e a diva da Príncipe Discos mostrou como se misturam as raízes ancestrais da terra-mãe ao novo mundo da electrónica.
O Milhões de 2016 terminou já de manhã e foram os Os Yeah djs de serviços – Emanuel Botelho e Hugo Alfredo a levar às margens do Cávado um dos mais bonitos e delirantes encerramentos de sempre. Uma despedida que é um “até já”, enquanto começamos a contagem decrescente até 2017.