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“We’re Mogwai and we’re from Glasgow.”
Seriam estas as únicas palavras diferentes que ouviríamos até ao fim do concerto dos Mogwai. Até lá “‘obrigadou,’ thank you” foi o slogan que se repetiu tema após tema.
Isto é problemático, porque estas linhas não se vão escrever sozinhas e o post-rock, como já descobrimos graças aos And So I Watch You From Afar, não se explica, sente-se. E ao contrário dos conterrâneos, os Mogwai são muito menos expansivos na forma como interagem com os seus instrumentos. Há um êxtase sem loucura que o anteceda.
A certo momento o volume do palco principal desce para decibéis no valor de apenas um dígito e, fora dois ou três festivaleiros a quem a noção não assiste, o NOS Primavera Sound espera em antecipação silenciosa pelo que faz do post-rock a casa musical da catarse. As luzes acendem-se e sobrexpõe as quatros silhuetas em palco, as guitarras explodem, a bateria ruge e as gotas de água nas gabardinas saltam dum lado para o outro.
Demorando-se languidamente em temas como “I’m Jim Morisson, I’m Dead,” “Auto Rock,” para depois cursar em momentos mais roqueiros como “Mogwai Fear Satan”, os glasguenses (pedimos o gentílico ao castelhano) fizeram o que melhor sabem e foram os guias do que se espera ter sido uma viagem introspetiva para cada um dos que ficou no recinto.
Perdoem-me a pessoalização, mas como é que eu – olá, tudo bem? – vos conto a história deste concerto sem vos contar a minha história deste concerto? Estar ali sobre a chuva que ao fim do dia se precipitava como se S. Pedro nos odiasse com paixão a ouvir a banda tocar todas as cores da nossa alminha pequenina não é relacionável. Sabem o que foi? Foi aquela cena do Blade Runner. Do original.
Foram lágrimas à chuva num filme com um Harrison Ford canastrão. Foi incrível.
“Thank you for staying in the rain.”
E obrigado aos fãs de Nick Cave por se terem ido embora e deixado a frente do palco disponível.