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Sexta-feira, véspera de fim-de-semana grande, mais uma noite de rock no Stairway Club. O cartaz estava lindo e prometia uma noite muito interessante. O cancelamento de Corda, por “motivos pessoais”, não deixando de ser uma desilusão, virou os holofotes para os restantes nomes da noite, permitindo que neles concentrássemos a devida atenção.
Sem pressas, os Mulherhomem abriram num tom Rage Against ft Ornatos. Fomos avisados de que serviríamos de cobaias: a banda tocou várias músicas novas, algumas ainda inominadas, e o resto do set centrou-se principalmente n’O Inverno dos Outros (convenhamos que é um grande nome), o segundo álbum de originais da banda, lançado em Setembro do ano passado.
Uma pausa para contextualização: os Mulherhomem são um vocalista com ares de Jeremy Duncan (Bruno Broa), que abusa das cordas vocais e tão depressa está encolhido sobre si próprio como a saltar mais de meio metro; um guitarrista (Luis Bailinho) e um baterista (Alexandre Nascimento). Formaram-se em 2011 e em 2012 estavam a lançar Novecentos, um pouco mais sujo ou de garagem que O Inverno dos Outros. Como álbuns de rock, são os dois álbuns interessantes, com imensa energia e apontamentos que realmente nos fazem pensar nas referências que mencionei acima.
Isto tudo para dizer que, ao vivo, a actuação dos Mulherhomem carece de alguma profundidade. Isto parece injusto de escrever quando se assiste à entrega de Bruno Broa, e será sempre preciso dar o desconto inerente ao espectador de um concerto de sexta-feira, final de semana de trabalho. Mas a verdade é que uma guitarra-baixo (e eventualmente uma segunda guitarra, mas centremos-mos na guitarra-baixo) daria um pouco mais de corpo à música dos Mulherhomem e dimensão ao espetáculo ao vivo, agora muito focado na voz, gritos e saltos do vocalista. Liricamente, existem versos muito interessantes, ligados por outros menos bem conseguidos: uma certa promiscuidade entre poesia e escatologia que já vimos noutros lados e da qual nos desinteressámos algures após a maioridade.
Verdade é que esta falta de profundidade sonora não se sente nos álbuns de estúdio: as letras encaixam na música, mas não monopolizam a nossa atenção e é este equilíbrio que será a chave dos próximos concertos dos Mulherhomem, certamente, até pela amostra que tivemos neste concerto: o momento instrumental concedido a Luís Bailinho e a Alexandre Nascimento, foi provavelmente um dos melhores da noite, surpreendendo quem não conhecia os músicos e de repente fica magnetizado.
Fiquemos atentos.
Seguiram-se os Bichos, sobre os quais tivemos já oportunidade de escrever, há coisa de um ano, por ocasião do concerto de lançamento do álbum Sujo dos TV Rural, para quem fizeram a primeira parte e com quem partilham esta figura-chave da música, o baixista (David Santos). Os Bichos incluem ainda Dino Récio na bateria e Bruno Figueiredo na guitarra e voz e – diz o facebook – agora Vicente Santos, o que gera alguma curiosidade sobre o que aí virá. O concerto dos Bichos confirmou a opinião que formámos no ano passado e ficamos à espera de os ver actuar de dia, algures mais perto da praia. Até lá, é inclui-los na banda sonora de qualquer road trip.
Mais uma noite de rock no Stairway.