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Resumir 25 anos de carreira a solo pode parecer uma tarefa titânica. Mas não para PJ Harvey. Em cima de palco e de frente para um recinto esgotado só para a ver, a petite britânica deu uma lição de História e de girl power. Afinal, o Monte do Olimpo do rock não é clube de rapazes e Polly Jean pode até ser uma das estrelas mais brilhantes.
PJ Harvey entrou em palco ao som compassado e militar, num cortejo com a sua banda, e de saxofone em riste. Uma coroa de penas e mangas pretas que alongam os braços: como não temer esta figura? O recém-lançado “The Hope Six Demolition Project” foi o motivo da sua passagem por Portugal, e foi precisamente daí que saíram os temas de abertura: «Chain of Keys», «The Ministry of Defence», «The Community of Hope», «A Line in the Sand» e «The Orange Monkey».
A força e rebeldia são agora mais controlados. PJ Harvey é uma figura altiva: será da idade que não perdoa ou será do peso que o seu nome acarreta? Ou será que a tão característica frieza britânica finalmente a contagiou? «Let England Shake» foi o primeiro acto de uma viagem ao passado e, automaticamente, o Parque da Cidade do Porto ergue-se em êxtase. Seguiu-se a corneta rigorosa de «The Glorious Land», arrasando de vez o público. São dois orgulhosos hinos que não passaram despercebidos.
PJ Harvey navegou entre os novos temas e as grandes recordações. Todas funcionam bem ao vivo ou não fosse ela uma das melhores compositoras, que brinca com as nossas emoções. Ouvir o novíssimo «The Wheel» foi emocionante e todos nos juntámos aos palmas iniciais. Recuperar a sua garra rebelde dos 90s com «50ft Queenie» foi a melhor decisão da noite. Envolver o público nos ritmos de «Down by the Water» marcou o concerto na nossa memória. E «To Bring You My Love» afirmou-se como a balada melancólia do festival, entre guitarras riscadas e acordes sofridos.
Tudo para uma noite perfeita, impecável e irrepreensível. Terminou de forma solene e fechou o ciclo: «River Anacostia» faz parte do novo disco e foi o tema de saída. A voz de PJ Harvey é profunda e soturna, cheia de força e capaz de conquistar mundos. Podia ser banda sonora de um filme épico mas foi, naqueles derradeiros instantes, a trilha principal da nossa noite. E que noite.