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Texto de RS
Entre actuações em Lisboa e Viseu (por ocasião do OMG Fest), os Process of Guilt chegaram-se à Invicta. Numa noite atípica de um Verão tardio, o Porto recebeu-os numa sala pequena e em jeitos de lamentável despedida. Fizeram-se acompanhar, nesta e na última data, pelos quase-locais FERE, num registo notoriamente influenciado por uma listagem de bandas alocadas à Hydra Head. Com bons mestres se formam bons discípulos, e o quarteto que se prepara para mostrar o seu longa duração foi uma boa aposta para o início da noite.
O mais recente Black Earth, finalizado além-mar, foi o motivo para os três concertos pelo país, e marcou o início de um ciclo de despedidas do Cave 45, que encerrará portas no final do ano.
Sucessor de FÆMIN, o novo disco dos Process of Guilt é composto por cinco demoradas e atropelantes músicas – uma por cada ano que esperámos por este disco -, que se fizeram desfilar pela pequena cave, havendo ainda espaço para as incontornáveis “Fæmin” e “Harvest”. O peso dos eborenses é de notável consistência, e quem preencheu a sala sabia ao que ia, embora, por outro lado, não seja difícil surpreendermo-nos a cada actuação da banda. A agressão dos riffs mistura-se com a voz enraivecida que nos deixa com receio da terra negra que nos descrevem. Nem sempre o segredo de um bom disco assenta na busca da novidade – na verdade, quem nunca reclamou pela disparidade entre álbuns de uma mesma banda, que atire a primeira pedra -, e os Process of Guilt não caíram nessa esparrela: o género é o que lhes é intrínseco, as actuações ao vivo arrasam-nos na mesma medida que os álbuns anteriores; em nada se mancha o histórico da banda.
Há poucas bandas nacionais que transformem os seus concertos em algo tão transcendente, mas os Process of Guilt, apoiados naquilo que é o estilo em que se inserem, conseguem transportar-nos para um ambiente com tanto de catastrófico como de bonito; e tudo é caos do início ao fim.
O disco está para escuta integral nos meios do costume. Quem não o apanhou ao vivo desta vez, terá certamente hipóteses de o fazer em breve, que o anúncio da tragédia não se faz sozinho.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)