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O festival que nasceu no Brasil e que se espalhou pelo Mundo, está a celebrar 30 anos de existência e com a entrada numa nova década, Portugal teve também direito a uma edição especial, com as festividades a iniciarem-se anteontem, quando a Cidade do Rock abriu mais uma vez portas em Lisboa.
A responsabilidade de dar oficialmente o pontapé de saída na edição deste ano do Rock In Rio-Lisboa coube aos portuenses The Sunflowers, que no Palco Vodafone encontraram inicialmente alguns problemas técnicos, fazendo com que não houvesse voz no primeiro tema. No entanto, e dificuldades para trás das costas, não foi isso que abrandou o ritmo deste duo de guitarra e bateria que, eventualmente mais tarde se transformou num power trio durante algumas músicas com um convidado especial.
Por esta altura o público ia ainda chegando ao recinto muito lentamente, afinal estamos a falar de um ainda não final de tarde, e isto conjugado com a procura do melhor lugar para ver o Boss e a tão natural busca aos brindes fez com que não houvesse muita gente em frente ao Palco Vodafone. Ressalva para as que estiveram e que aproveitaram o sol que brilhava para fazer a fotossíntese enquanto dançavam um pouco. Em cima do palco, o concerto não iria terminar sem que houvesse uma troca de lugares entre Carlos e Carol, com o primeiro a assumir os comandos da bateria e a segunda a encarregar-se da descarga eléctrica da guitarra.
A banda terminaria uns minutos antes das 17h30 e ainda com o feedback de palco e algumas pessoas a entoarem partes da última música dos girassóis, era hora de preparar tudo para a actuação dos também nacionais Keep Razors Sharp, ao som de uma das cintilantes estrelas que 2016 já viu partir, David Bowie e a sua Blackstar.
De salientar ainda o papel da marca Vodafone e em especial da sua rádio, ao levar até um festival de massas um som mais alternativo e que permite a vários projectos darem-se a conhecer e actuar para um público mais abrangente, algo que viria a ser igualmente mencionado mais tarde por Afonso Rodrigues, durante o concerto da sua banda.
O super quarteto composto pelo já referido Afonso (Sean Riley & The Slowriders), Rai (The Poppers), Bráulio (ex-Capitão Fantasma) e Bibi (Pernas de Alicate) , já com muitos anos de estrada e música distribuídos por cada um dos seus elementos, editou em 2014 pela ainda Optimus Discos o seu álbum de estreia e foram mesmo alguns desses temas que revisitaram já ao final de tarde.
Com a chegada de mais pessoas até à colina onde se situa este palco, não tardou até que a banda pedisse aos presentes para se chegarem à frente, mesmo aos mais tímidos ou os que não os conheciam ainda. E é nesta forma de estar, descontraída, sentida e honesta, que o rock’n’roll que nos chega da banda nos faz sentir incluídos no grupo de amigos que está junto em palco e que tem muito prazer em criar, tocar e partilhar as suas músicas connosco.
A última actuação do dia no palco Vodafone ficou entregue aos norte-americanos Black Lips e à sua energia contagiante. O regresso do quarteto foi bem recebido, com as primeiras demonstrações de euforias do dia com Family Tree, que proporcionou um dos bons momentos da actuação. A banda sempre ligada à electricidade, começou a mexer com o público e este foi respondendo, a espaços, e progressivamente. Os Black Lips iam avisando, “vocês não viram nada ainda”, e parece-nos que não gostam de faltar à palavra. Num dia dedicado ao rock, foi o seu garage que com o sol a cair atrás do palco nos aqueceu e nos pôs a abanar a anca. E já perto do fim do concerto, e sem direito às mega produções que se vêem no palco principal a metros dali, a banda resolveu responder com o que podemos chamar de ironia visual perante o seu som, começaram a desenrolar-se rolos de papel higiénico vindos do palco, uma constante até ao final da sua actuação e que divertiu os presentes.
Terminava assim, por volta das 21h, o plano de actividades destinado nesse dia ao Palco Vodafone e por esta hora já se faziam ouvir os Stereophonics que actuavam no Palco Mundo. O recinto ainda não estava muito composto mas para lá caminhava, afinal era noite de Sir Bruce, mas tinha sido dia de trabalho.
Seguiram-se aos Stereophonics os ícones do rock nacional Xutos & Pontapés que trouxeram muito mais gente, chegando por vezes a surpreender por estarmos a ver uma banda nacional e a cantar em português, mas talvez não possamos considerar este aspeto já que falamos dos Xutos. O concerto assentou em toda a discografia da banda tendo sido uma constante o público cantar as músicas em coro, especialmente quando quase de seguida se desenrolaram músicas como À Minha Maneira, Maria, Homem do Leme e Ai Se Ele Cai. Por outro lado ficou também a sensação que quanto mais recentes eram as músicas menos eram os que se associavam ao coro e também menos entusiasmo existia na audiência.
O concerto não acabaria sem um enorme obrigado feito por Zé Pedro a todos os presentes e à organização do Rock in Rio, bem como um rasgado elogio à equipa técnica da banda.
Era tempo então do mais aguardado momento da noite por parte da maioria dos presentes, Bruce Springsteen iria subir a palco dentro de momentos. O frio já apertava e a qualidade sonora, especialmente do lado esquerdo do palco, era por vezes estranha, com uns agudos a aparecerem sem se saber bem vindos de onde, algo que já vinha do concerto de Xutos & Pontapés e que nem o Boss conseguiu esbater. O concerto durou perto de três horas e a maioria dos hits foram guardados para o fim, ainda assim os que ficaram espalhados no restante alinhamento deram direito a que a guitarra ficasse de lado e Bruce viesse cantar para o meio do público, público esse que teve uma pessoa especial. Adele, que actua hoje e amanhã na MEO Arena, manteve-se dentro da cabine de som da frente e foi assistindo ao concerto enquanto cantarolava as músicas.
Neste dia de abertura da nova edição do Rock In Rio-Lisboa os dados da organização dizem-nos que foram 67 mil as pessoas que passaram pelo Parque da Bela Vista para ver o Boss, e portanto as expectativas mantém-se elevadas para o que sobra do festival.