Reportagem


Rock In Rio

Muita dança e muito rock

Parque da Bela Vista

23/06/2018


© Rock In Rio-Lisboa

Começou ontem mais uma edição do Rock in Rio-Lisboa e abriu logo com uma autêntica enchente que, ao final da noite, quase não deixava ver um metro que fosse da relva do Parque da Bela Vista.

A chegada ao recinto do festival aconteceu a tempo de ouvir a pop portuguesa dos concertos que aconteciam tanto no Palco Mundo – com Diogo Piçarra – como no Palco Music Valley – com Carolina Deslandes. Se no concerto de Diogo Piçarra se ouviram tributos ao falecido Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, com uma cover d’O Homem do Leme e duetos com o fadista Marco Rodrigues; no concerto de Carolina Deslandes houve tributos a toda a geração nascida nos anos 90, com um medley de canções que juntou Britney Spears, Da Weasel ou Ornatos Violeta.

As Californianas Haim foram a segunda banda a subir ao Palco Mundo do Rock in Rio-Lisboa, e trouxeram consigo o seu Pop Rock cheio de guitarras e com bastantes elementos bem característicos da música vinda dos Estados Unidos. A banda terminava ali a mais recente digressão e a interação com o público foi uma constante, deixando todos a dançar e rendidos à simpatia e forte presença em palco das três irmãs.

Quando o concerto dos britânicos Bastille começou no palco principal do Rock in Rio-Lisboa, já o recinto começava a cada vez ficar mais composto, deixando a dúvida se seriam fãs da banda ou dos seus compatriotas Muse, que lhes iriam suceder. Dúvidas à parte, muitos foram os que vibraram, cantaram e dançaram ao som de hits como Pompeii ou Of The Night, num concerto onde houve também tempo para uma forte mensagem política, criticando diretamente o presidente norte-americano, Donald Trump.

Ainda não tinha acabado o concerto de Bastille e corremos para o Palco Music Valley. O concerto do português Moullinex estava prestes a começar e as músicas do seu novo álbum Hypersex prometiam fazer-nos dançar.

Como o prometido é devido, o músico e produtor português que já dispensa apresentações trouxe a sua banda e todos os artefactos necessários para nos tirar “qualquer dor” que pudéssemos ter, estimulando os “Dejá vu” dos nosso melhores momentos de sempre em pistas de dança onde o mais importante é celebrar o “Love…love..love”. Dream On, música bastante recente e que já foi lançada pós Hypersex, foi tocada para uma pista que apesar de ter sido aberta com pouca audiência se foi compondo e fazendo esquecer que no outro palco a maior atração da noite, os britânicos Muse, já estava a começar. Quem ficou a ver Moullinex teve liberdade inegável para se mexer e dançar e a festa, essa, foi bem bonita!

O bem que se estava no concerto de Moullinex fez-nos chegar tarde ao Palco Mundo e perder algumas das músicas mais antigas dos Muse, como Hysteria ou Plug in Baby, mas também acabamos por perder a mais recente de todas, Thought Contagion, que abriu o concerto. Finalmente instalados na área do Palco Mundo, chegámos a tempo de ouvir Supermassive Black Hole e de ver Matt Bellamy a lamber a sua guitarra e a pontapeá-la em Stockholm Syndrome.

No primeiro encore a banda trouxe uma música do álbum The Second Law que já não se ouvia há algum tempo em concerto: Unsustainable, seguida de Madness que se fez iluminar pelas luzinhas de mais um de muitos brindes do festival. Mas, se tivermos que apontar os dois momentos mais altos do concerto, a nossa escolha recai em Starlight, com Bellamy a pegar no microfone e a vir cantar bem para o meio do parque da Bela Vista, num dueto com todos os presentes, e Mercy, em que uma explosão de confetis criou um efeito visual de encher o olho.

Foi um concerto que terminou, como já é habitual, com Knights of Cydonia, e que fez jus ao nome do festival. A banda não comprometeu, mas também não foi fantástica, tal como o público que, para além de se acotovelar para conseguir estar o mais perto possível da banda e em especial de Matt Bellamy podia ter sido bem mais participativo, notando-se um certo desconhecimento por algumas das músicas que deram à banda o estatuto que ocupa hoje em dia.


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Joao Neves

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