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Ainda na ressaca do Boss, o segundo dia do festival Rock In Rio-Lisboa prometia um mar de gente ainda maior para ver os reis Queen com Adam Lambert, num sentido tributo ao seu carismático vocalista de sempre Freddie Mercury.
Com as t-shirts da banda a multiplicar-se e os sósias de Mercury também, quem também aterrou de vez na Cidade do Rock foi o calor intenso que se fez sentir até ao cair da noite, e foi sobre esse mesmo sol abrasador que nos dirigimos até ao Palco Vodafone para o primeiro concerto do dia.
Felizmente os PISTA têm um som a condizer com o clima, e o tropicalismo chegou com a pedalada a que a banda nos tem habituado. Apesar do pouco público ainda presente, o que esteve dançou e acolheu os PISTA da melhor forma que soube, mesmo que isso acontecesse na sombra disponível. O trio, que neste espectáculo contou desde início com Nick Nicotine (Nicotine’s Orchestra) no baixo, e mais tarde Alex D’Alva Teixeira (D’Alva) em alguns temas, aproveitou para apresentar o seu álbum Bamboleio, editado no ano passado, ouvindo-se por exemplo 3-0, A Tal Tropical, PUXA e a longa Queráute no final, que podia continuar a prolongar-se e ninguém se importaria.
Pelas 18h foi a vez dos Sensible Soccers subirem ao Palco Vodafone, em mais uma apresentação de Villa Soledade, álbum editado este ano pela banda e que certamente ocupará muitas das listas de tops de discos de 2016 (a nossa crítica pode ler-se aqui). O público dividia-se por esta altura pela frente do palco e o seu fundo, deixando no meio uma grande faixa vazia, onde batia o sol. AFG, resgatado a 8, fez as delícias dos fãs, mas Villa Soledade, faixa que dá nome ao mais recente disco, e Shampom, foram igualmente bem recebidas, e em palco multiplicavam-se os sorrisos e a boa disposição, que levaram algumas vezes à intervenção de Manuel Justo, agradecendo a presença de todos e da organização, “para o ano estamos cá outra vez”, deixando a ponte para o regresso. Fica nas mãos de Roberta Medina tomar a decisão certa em 2018.
Os senhores que se seguiram no Palco Vodafone foram trazidos da terra onde o festival nasceu, os brasileiros Boogarins voltavam então a apresentar-se em solo português e desta vez num festival de maior dimensão. Assentando a apresentação essencialmente no mais recente trabalho, Manual, começaram a abrir com a sua Avalanche, sem que por isso recorressem a uma réplica fechada das canções tal e qual como são tocadas no álbum, o concerto foi sim bem aberto na interpretação dando espaço a múltiplos improvisos, e até para a integração com todo o ambiente exterior quando por exemplo, num momento que teve algo de mágico, no meio de uma das pausas em Tempo (pausas essas que estavam a ser longas para puxar pelo público), se começou a ouvir um avião ao fundo que criou o efeito de Doppler com a sua passagem bem por cima do palco, pondo o público e a banda a olhar para o céu e com um sorriso rasgado.
A felicidade da banda ao longo de todo o concerto foi de resto algo que se pôde notar e sentir, e foram até muitas as vezes que Dinho (guitarrista e vocalista) deixou a parte vocal a cargo de Benke Ferraz (guitarrista) e, ainda que menos, também para Raphael Vaz Costa (baixista). 6000 Dias ou Infinu também se puderam ouvir, mas foi em Lucifernandis que o público convergiu todo numa dança e coro colectivos.
Com o final do concerto de Boogarins e consequente término do programa diário para o Palco Vodafone, já decorria no Palco Mundo o concerto de Fergie, concerto esse em que a música foi apenas mais uma parte integrante do espectáculo e nem por isso assim tão importante. Desde os vestidos provocadores ostentados pela cantora, passando por todo o aparato visual e todos os bailarinos e coreografias bem ensaiadas, tudo junto deu um consideravelmente apelativo espectáculo, mas quanto à música em si o concerto foi um enorme medley do princípio ao fim que passou por músicas de vários artistas, algumas dos antigos Black Eyed Peas e nem por isso muitas das vezes bem cantadas, acabando mesmo com o mega hit I Got A Feeling, que deixou os presentes em euforia e que fez muitos dos que estavam a assistir sentados ao fundo levantarem-se e correrem para a frente aos saltos e a dançar.
Seguiu-se Mika testando o falsete dos presentes com as famosas Relax Take It Easy, Love Today ou o espírito festivo de We Are Golden, para além de canções bem conhecidas como Lollipop ou Big Girl (You Are Beautiful), obviamente que Grace Kelly também fez parte da setlist e se aqui há uns anos, quando Mika apareceu, alguns o apelidaram de novo Freddie Mercury, tudo isto pareceu, nem de propósito, um aquecimento para o concerto que se seguia, talvez até pudessem ter aproveitado para testar a veracidade e a razão das línguas que disseram tal coisa, mas não, Adam Lambert era o escolhido para desempenhar esse papel.
Aquecimento previamente bem feito, público extremamente empolgado e recinto mais que apinhado (talvez os lugares mais à vontade fossem para aí nos outros palcos, onde já nada se passava) e eis que os grandiosos Queen subiram ao palco fazendo-se acompanhar na voz por Adam Lambert. De ressalvar que John Deacon, o baixista original da banda, também não integra esta ressurreição, ficando esta apenas a cargo dos míticos Brian May, com a sua Red Special, e Roger Taylor na bateria. Ponto assente desde o início do concerto foi que Adam não estava ali para substituir ninguém (diga-se Freddie Mercury), mas sim para homenagear o legado desse enorme senhor, algo que foi várias vezes referido tanto pelo próprio Adam Lambert, bem como por Brian May. A homenagem foi fantástica e a grandiosidade do concerto talvez tenha chegado a Freddie (onde quer que este esteja), é mesmo difícil apontar momentos altos, foi praticamente uma constante as canções serem cantadas na íntegra por um monumental coro e, apesar da dificuldade técnica das vocais dos Queen, o público português mostrou excelentes dotes para o fazer.
Momentos como Bohemian Raphsody, Don’t Stop Me Now, I Want To Break Free, Crazy Little Thing Called Love, Somebody To Love, entre muitos… muitos outros roçaram o incrível, bem como o solo de Brian May que o levou literalmente às alturas. A banda aproveitou também Under Pressure para homenagear David Bowie, mas talvez o momento mais especial da noite aconteceu quando Brian May veio com uma guitarra acústica para o corredor que entra pela plateia dentro decidido a sozinho cantar Love Of My Life, com as luzes bem baixas e muitos telemóveis a fazer quase um céu estrelado na terra e toda a beleza da melodia e da letra da música cantada por um enorme coro, foi algo de cortar a respiração. Brian May mostrou também que apesar da idade ainda está aberto às novas tecnologias usando um selfie stick para filmar a onda que pediu ao público para fazer e colocando uma câmara na cabeça da sua guitarra, começando por usá-la para filmar a sua técnica exímia a tocar mas acabando a virá-la para o exterior aproveitando para fazer planos do público e dos músicos. A idade também se fez notar quando Roger Taylor cedeu o lugar na bateria para um dos músicos que suporta a banda por estes dias ou na não tão bem tocada Tie Your Mother Down ou ainda em dois ou três solos não tão bem tocados por Brian May, ainda assim tomara a muitos de nós chegarmos aquela idade e manter aquela força e aquela pujança em palco.
Um segundo dia fantástico no Rock In Rio-Lisboa que terminou em beleza e com o seu quê de mágico e de nostálgico, juntando público quase dos 8 aos 80, afinal este apregoa ser um festival de família e este dia foi dos maiores exemplos que provam que esse objectivo é bem conseguido.