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No passado sábado, descemos até ao Hard Club, no Porto, para o que seria uma noite dividida entre os Russian Circles e Cloakroom, mas que acabou por ter a participação especial dos Putan Club.
Os Putan Club, anunciados como a banda surpresa da noite, auto-descrevem-se como “duas feras na estrada”. Se me contassem isto entre copos e não tivesse ido ler sobre os dois franceses, não teria acreditado. Por entre monólogos e devaneios sobre não precisarem de agência, editora ou até mesmo dos “media”, tendo havido ali uma referência inusitada sobre “proibir” os jornalistas de falar sobre eles, os Putan Club demonstram ser um amouse-bouche bem insatisfatório, ficando muito aquém das expetativas (mesmo que ninguém as tenha criado porque, convenhamos, a estrela da noite eram e foram os Russian Circles).
Sobem ao palco os americanos Cloakroom. É impossível não comparar a postura, a atitude cândida da banda formada em 2012 com os agora (felizmente) desaparecidos Putan Club. Não há qualquer tipo de vontade para além da de recriar os poucos álbuns que já fizeram, dividindo atenções entre o EP Infinity, editado em 2013 e o mais recente Further Out, em meados de 2015.
A mistura de shoegaze e, atrevo-me a dizer, post-punk é uma certeira. Voltamos à adolescência e a posters que ainda cheiram a novo mas retratam o velho, bandas que nunca vamos ver porque o tempo já passou, enquanto consumimos outras menos velhas, que nos falam ao ouvido. Mas o sentimento facilmente se perde. Basta olhar em volta e perceber a impaciência na cara de quem veio ver os outros americanos, de Chicago. Nem uma belíssima cover da “Farewell Transmission” de Songs:Ohia (que marcou, naturalmente, a noite) é suficiente para apaziguar ânimos ou dar a atenção devida a estes pequenos senhores. Mas há quem o tenha feito, sem dúvida.
A próxima hora e meia é dos Russian Circles. E é aqui que a noite leva a golpada final.
A receção é aquela de que todos esperavam e o que se confirma de cada vez que a atração principal pisa o palco e se fazem soar os primeiros acordes. Tudo parece mais bem definido, mais concretizado e o trio brilha em palco como se fossem feitos para aquilo. É como se só tivéssemos descoberto agora a opção de ultra HD. Mas isso dura muito pouco tempo.
Enquanto os Russian Circles jogam e abusam do silêncio, da suspensão e dos crescendos constantes, somos lembrados da importância do primeiro – da quietude, do sossego. Mas a fórmula dos americanos, a que muitos chamam de post-metal (outros dirão post-rock), não seria o que é na sua génese sem a variável da repetição. E a repetição, como é de prever, é o calcanhar de Aquiles do fascínio.
Ainda assim, são precisas mais noites como esta. A diversidade é a chave.